Ainda que a produção da Vale (VALE3) de minério de ferro tenha crescido 5,1% e as vendas aumentado 9,0%, o relatório de produção da maior companhia aberta do País frustrou parte do mercado. No acumulado de 2021, a produção da Vale chegou a 315,61 milhões de toneladas de minério de ferro, abaixo do intervalo do guidance, entre 320 milhões a 335 milhões de toneladas.
Nesta sexta-feira (11), após a divulgação do resultado, os papéis da empresa acumulam desvalorização de 1,40%.
Para o banco Inter (BIDI11), a produção de ferrosos no último trimestre de 2021 ficou abaixo do esperado, mas os analistas destacaram o aumento das vendas, em ritmo elevado, por causa dos estoques acumulados.
Para as ações da Vale no Brasil, o Inter disse que vê um potencial de valorização de 16%. Do nível atual de R$ 93 para o preço-alvo de R$ 109.
O relatório do Banco Inter lembra que a surpresa negativa da produção foi a performance do complexo S11D, em Canaã dos Carajás (PA), o maior do mundo. Na mina, houve uma relação alta entre material estéril que precisou ser removido e os depósitos de minério acessados (REM).
Outro ponto que impactou comparação da produção foi a greve de 70 dias em Sudbury (no Canadá), no segundo semestre do ano passado, que paralisou a extração de metais básicos.
‘Preço do minério irá sustentar dividendos atraentes da Vale’
O banco Safra disse que mantém a recomendação de compra da mineradora, com preço-alvo de R$ 98, possibilidade de valorização de 5% em relação a cotação desta manhã.
“Mantemos nosso rating compra para a Vale, pois acreditamos que os preços saudáveis do minério de ferro durante 2022 sustentarão uma boa geração de caixa, que deve se traduzir em dividendos atraentes”, comunicou.
Segundo destaca, a produção da Vale no quatro trimestre do ano passado foi, entre os períodos analisados, o pior de 2021.
Sobre o balanço da companhia, previsto para ser divulgado em 24 de fevereiro, o Safra disse que espera resultados operacionais “praticamente estáveis, uma vez que maiores volumes de vendas são parcialmente compensados por preços mais baixos”.
“Prevemos receita líquida trimestral de US$ 13,3 bilhões (+5% T/T) e EBITDA de US$ 6,9 bilhões (estável T/T), equivalente a uma margem de 52%”, informou.
Entre os riscos de se investir na Vale, o Safra destaca:
- Desaceleração do mercado chinês;
- Aumento da volatilidade dos preços das commodities;
- Flutuações cambiais;
- Possível, mas improvável, intervenção do governo.
BB mantém recomendação de compra das ações da Vale
O Banco do Brasil (BBAS3) afirmou que mantém a recomendação de compra para os papéis da Vale ao preço-alvo de R$ 99,00, potencial de valorização de 5%.
“Com relação à produção de minério de ferro, os números vieram alinhados à nossa estimativa (82,4Mt), com uma queda de 2,4% a/a, explicada pelo maior volume de chuvas, menor compra de terceiros e redução da produção de produtos de alta sílica”, informou relatório assinado pela analista Mary Silva.
“Em metais básicos, houve recuperação do volume de produção – acima de nossas estimativas –, após um fraco desempenho nos trimestres anteriores, cujas operações foram afetadas por paralisação de funcionários e manutenções programadas e não programadas”, completou.
GS avalia que venda de minério de ferro deve ser bem recebida pelo mercado
Para o Goldman Sachs, as vendas de minério de ferro devem ser bem recebidas pelo mercado financeiro, após a frustração do 3º trimestre de 2021 e aumento de 15mt em estoques. A instituição também destaca o aumento das vendas de níquel, acima do esperado.
Para o banco, apesar da preferência por papéis de siderurgia, a expectativa é de que o preço do minério de ferro continue em alta, o que sustenta as ações da Vale.