Vale (VALE3) deve ter balanço amargo no 1T24: analistas preveem queda no lucro, com cenário fraco para o minério
Com o resultado previsto para ser divulgado nesta quarta-feira (24), depois do fechamento, o mercado espera que o 1T24 da Vale (VALE3) traga uma queda anual no lucro, em linha com um trimestre mais fraco para o minério e com perspectivas de um cenário ainda penoso ao longo do ano.
No quarto trimestre de 2023, a Vale (VALE3) reportou um lucro líquido de US$ 2,442 bilhões, valor 34,75% inferior ao anotado no mesmo período de 2022, quando o resultado foi de US$ 3,743 bilhões.
Em relatório, analistas da Genial Investimentos preveem um lucro líquido de US$ 1,6 bilhão para a Vale no 1T24, o que representaria uma queda de 34,7% em relação ao trimestre anterior e 20,7% em comparação ao mesmo intervalo do ano passado.
“A baixa maior do lucro líquido da Vale em relação ao Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ocorre em razão do aumento do ritmo de provisionamento, que deverá ser alocado na linha de acionistas não controladores, destinada a Samarco, joint venture que inclui a Vale e a BHP como sócias igualitárias (50% cada) e que operava a barragem de fundão rompida em 2015, em Mariana (MG)”, escrevem os analistas Igor Guedes, Lucas Bonventi e Rafael Chamadoira.
A Genial projeta uma receita líquida da Vale de US$ 8,5 bilhões, queda de 34,8% na base trimestral, mas 0,7% maior na base anual. Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da Vale deve ficar em US$ 3,3 bilhões, queda de 46,7% na base trimestral e de 9,4% na base trimestral.
Itaú BBA sobre Vale: prevemos um conjunto de resultados mais fraco
Em relatório após a divulgação da prévia da Vale, o Itaú BBA aumentou sua estimativa de Ebitda ajustado do 1T24 em US$ 3,6 bilhões (de US$ 3,2 bilhões), principalmente “devido a volumes melhores que o esperado e preços realizados de minério de ferro” – ainda que represente uma queda de 46% em relação ao trimestre anterior (ou 2% em termos anuais).
“Ainda prevemos um conjunto de resultados mais fracos, impactados por preços realizados de minério de ferro sequencialmente ruins, volumes mais baixos e custos elevados”, afirma a casa.
O banco considerou que os preços e volumes realizados para as vendas de níquel e cobre da empresa foram mais fracos do que o esperado no relatório de produção e vendas da Vale, o que provavelmente resultará em um desempenho abaixo da expectativa na divisão de metais básicos da mineradora.
A casa estima um lucro líquido de US$ 1,974 bilhões no 1T24, queda de 18,3% na comparação trimestral e aumento de 7,5% base anual. Já a receita líquida da Vale deve ser de US$ 8,526 bilhões, aumento de 34,7% na comparação trimestral e aumento de 1,1% na anual.
Vale não deverá pagar dividendos extraordinários no segundo semestre, projeta BTG
Em relatório, o BTG Pactual (BPAC11) reconheceu que a Vale reportou um relatório de produção ‘bastante satisfatório’, considerando a forma como o mercado entrou cauteloso nesta época de resultados. O banco enxerga um aumento modesto em sua estimativa de Ebitda para o 1T24 de US$ 3,2 bilhões.
No geral, o BTG prevê um ambiente desafiador para a Vale nos próximos meses, com preços de minério de ferro abaixo de suas expectativas, deterioração dos mercados imobiliários na China e riscos negativos para as estimativas de consenso.
“Reconhecemos que a gestão entregará resultados melhores e controlar o que é possível. No entanto, continuamos a ver algumas questões (Samarco, CEO da companhia e concessões ferroviárias) como obstáculos. Neste ponto, nossa visão é de que as provisões aumentarão em relação aos níveis atuais e não acreditamos que a Vale deverá pagar dividendos extraordinários no segundo semestre de 2024”, escrevem os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.
Para o quarto trimestre, segundo o BTG, o lucro líquido da Vale deve chegar a US$ 1,810 bilhão. No mesmo período do ano anterior, a Vale havia apurado um lucro líquido de US$ 1,837 bilhão. Além disso, para o primeiro trimestre deste ano, o BTG projeta que a receita líquida da Vale chegue a US$ 9,0 bilhões. No mesmo período do ano passado, a Vale havia registrado US$ 8,4 bilhões no indicador.
XP prevê Ebitda 14% maior no 1T24 para Vale
A XP (XPBR31) avaliou que a Vale reportou um desempenho operacional melhor do que o esperado no 1T24, com embarques sólidos de minério de ferro em meio a um trimestre sazonalmente mais fraco, implicando um upside em relação às estimativas do banco.
Após a prévia da Vale, a casa agora prevê um Ebitda ajustado de US$ 3,2 bilhões no 1T24, aumento de 14% frente à previsão anterior.
Em contrapartida, a XP reforçou que as operações de níquel devem ser mais uma vez o ponto fraco do trimestre, “refletindo a contínua pressão sobre as perspectivas de preços e a fraca produção”.
Goldman sobre Vale: investidores estão pouco expostos à empresa
Para o primeiro trimestre de 2024, o Goldman Sachs (GSGI34) projeta um Ebitda de US$ 3,5 bilhões (ante US$ 3,4 bilhões projetados anteriormente) para a Vale.
O banco acredita que o principal impulsionador do indicador está relacionado a melhores preços do minério de ferro e do níquel, bem como do volume de vendas, embora parcialmente compensado pelo menor volume de vendas de níquel.
O Goldman tem observado a exposição dos investidores ao minério de ferro. Segundo a casa, investidores da Vale têm exposição baixa, principalmente devido a uma combinação de incerteza em torno da demanda de aço da China em 2024, mas também devido a uma preferência pelo cobre ou celulose (no caso de investidores locais brasileiros).
Desempenho das ações de Vale (VALE3)
No mês, as ações de Vale sobem 3,25%, enquanto no ano, a queda é de 14,99%.
Cotação VALE3