Com o fim da temporada de balanços do 1T24, algumas casas de análise divulgaram seu parecer sobre os resultados das empresas no período. E tanto para o Santander quanto para a XP, Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) foram destaques negativos no trimestre.
Os analistas do Santander destacam que os US$ 3,5 bilhões de Ebitda ajustado da Vale (VALE3) no 1T24 ficaram 8% abaixo da estimativa da casa, uma vez que os custos de produção foram superiores ao esperado.
“No geral, a Vale apresentou resultados mais fracos, explicados principalmente por preços realizados mais baixos e vendas sazonalmente mais baixas”, diz o relatório.
A XP Investimentos vai na mesma linha, chamando a atenção para a queda nos preços do minério de ferro, que impactaram o desempenho da Vale no 1T24.
“Vale reportou resultados fracos desproporcionalmente afetados por obstáculos macroeconômicos, com a queda dos preços do minério de ferro ao longo do 1T levando a uma realização de preço mais fraca do que o normal e a valorização do Real tendo um efeito negativo sobre os custos”, afirma a casa.
Já no caso da Petrobras (PETR4), o Santander diz que o Ebitda de US$ 12,4 bilhões ficou 7% abaixo do consenso, impactado negativamente pela queda na produção de petróleo.
“Os resultados foram sequencialmente mais fracos devido ao declínio de 5% na produção de petróleo em relação ao trimestre anterior, o que levou a uma menor diluição de custos e despesas com manutenção,
enquanto os resultados em Refino foram sustentados por ganhos de estoques”, afirma o Santander.
A XP também chama a atenção para a queda nos preços do petróleo, mas também aponta o nível de produção como ponto negativo no balanço da Petrobras.
“As empresas petrolíferas tiveram que lidar com uma leve queda nos preços da commodity, mas a produção das empresas se destacou como fator detrator nos resultados, com queda para PRIO e Petrobras”, afirma.
Para além de Vale e Petrobras, como foi a temporada de balanços?
De acordo com a análise do Santander, a temporada de balanços do 1T24 apresentou um aumento de 2,7% na receita líquida das empresas, na comparação com o mesmo período do ano passado. Isso, segundo a casa, reflete uma melhoria gradual nas condições financeiras no Brasil.
O Ebitda caiu 0,60% na mesma base de comparação, e o lucro líquido diminuiu 11,4%. A casa atribui a reduções nessas linhas dos balanços sobretudo ao desempenho negativo dos setores ligados às commodities, como Comidas e Bebidas, Mineração, Petróleo e Gás, Papel e Celulose e Aço.
“Por outro lado, os setores mais ligados à atividade doméstica tiveram um bom desempenho, refletindo a robustez da atividade econômica no 1T24, suportada por um mercado de trabalho ainda dinâmico”, escrevem os analistas.
Já a XP diz que a temporada de resultados do 1T24 foi “mais positiva que o esperado”. As empresas sob cobertura da casa apresentaram crescimento de receita de 2,2% em comparação com o mesmo período do ano passado. No caso do Ebitda consolidado, o avanço foi de 6,60%.
“Olhando para frente, estamos vendo as expectativas de lucros pelo consenso sendo revisadas para cima. Desde o começo da temporada em abril, as projeções de lucro por ação para os próximos 12 meses, e também de 2024 têm sido revisadas para cima por 2-4%”, escreve a XP.
Por outro lado, os analistas também chamam a atenção para o fato das empresas brasileiras terem apresentado um desempenho inferior às estrangeiras nesse período, impactadas negativamente por questões fiscais e interferências estatais.
“O desempenho é largamente explicado por uma deterioração do cenário macro global, com dados de atividade econômica ainda resilientes nos EUA e no Brasil, em particular os dados de inflação, reforçando assim a narrativa de taxas de juros “altas por mais tempo”. Domesticamente, o risco fiscal brasileiro aumentou também com as mudanças na meta fiscal, além da interferência em grandes companhias, como Petrobras e Vale“, afirma o relatório.