Vale (VALE3): apesar de cenário fraco para o minério, produção foi positiva no 1T24, dizem analistas; ações sobem no Ibovespa
Em relatórios após a divulgação da prévia operacional da Vale (VALE3) no 1T24, analistas de mercado destacaram a alta anual nos números de produção de minério de ferro no período, mesmo em meio a um trimestre sazonalmente mais fraco, o que pode ser positivo para a empresa ao longo do ano. As ações da mineradora sobem no Ibovespa nesta quarta-feira (17).
No intradia, as ações VALE3 subiam 2,08%, cotadas a R$ 62,72.
Cotação VALE3
A Vale (VALE3) anunciou a produção de 70,8 milhões de toneladas métricas (Mt) de minério de ferro durante o primeiro trimestre de 2024 (1T24), queda de 20,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior (4T23), mas uma alta de 6,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2023 (1T23).
Em relatório, o Safra pontuou que a produção de minério de ferro foi o destaque do trimestre, e acredita que os números do período “trazem flexibilidade para a Vale gerenciar a produção ao longo de 2024, sem arriscar sua orientação de produção de 310-320 milhões de toneladas”.
Por outro lado, salientou o banco, a interrupção das minas de Onça Puma e Sossego poderá colocar em risco a orientação de produção de níquel e cobre, “embora acreditemos que a empresa continuará a operar o forno de Onça Puma e a planta de processamento de Sossego com alimentação disponível por algum tempo”, disse o Safra.
O Safra projetou que o Ebitda da Vale no 1T24 pode se aproximar de US$ 3,5 bilhões, “após considerar a produção e os números de preços realizados para o trimestre, que está acima de nossa previsão de aproximadamente US$ 3,36 bilhões de Ebitda”.
Também em relatório, a XP (XPBR31) avaliou que a Vale reportou um desempenho operacional melhor do que o esperado no 1T24, com embarques sólidos de minério de ferro em meio a um trimestre sazonalmente mais fraco, implicando um upside em relação às estimativas do banco.
Após a prévia da Vale, a casa agora prevê um Ebitda ajustado de US$ 3,2 bilhões no 1T24, aumento de 14% frente à previsão anterior.
Em contrapartida, a XP reforçou que as operações de níquel devem ser mais uma vez o ponto fraco do trimestre, “refletindo a contínua pressão sobre as perspectivas de preços e a fraca produção”.
Para Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset Management, em suma, os números do relatório da Vale vieram mais fortes do lado de ‘ferrosos’, com maior produção e vendas no período (embora sazonalmente mais fraca), mesmo com estratégia de estoques do management.
“Vale destacar as melhorias nas operações S11D, e sólido desempenho do sistema Sudeste. Já a divisão de metais básicos mostra resultados ainda fracos, com alguma melhora do cobre. O management mantém estratégia de simplificação de portfólio, com foco nos principais negócios e oportunidades de crescimento, em linha com melhor alocação de capital”, descreveu.
Vale não deverá pagar dividendos extraordinários no segundo semestre, projeta BTG
Em relatório, o BTG Pactual (BPAC11) reconheceu que a Vale reportou um relatório de produção ‘bastante satisfatório’, considerando a forma como o mercado entrou cauteloso nesta época de resultados. O banco enxerga um aumento modesto em sua estimativa de Ebitda para o 1T24 de US$ 3,2 bilhões.
No geral, o BTG prevê um ambiente desafiador para a Vale nos próximos meses, com preços de minério de ferro abaixo de suas expectativas, deterioração dos mercados imobiliários na China e riscos negativos para as estimativas de consenso.
“Reconhecemos que a gestão entregará resultados na frente operacional e controlar o que é possível, no entanto, continuamos a ver algumas questões (Samarco, CEO e concessões ferroviárias) como obstáculo. Neste ponto, nossa visão é que as provisões aumentarão em relação aos níveis atuais e não acreditamos que a Vale deverá pagar dividendos extraordinários no segundo semestre de 2024”, escrevem os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.
O BTG tem recomendação ‘neutra’ para as ações de Vale, com preço-alvo a US$ 16,00.
Itaú BBA sobre Vale: prevemos um conjunto de resultados mais fraco
Em relatório após a divulgação da prévia da Vale, o Itaú BBA aumentou sua estimativa de Ebitda do 1T24 em US$ 3,6 bilhões (de US$ 3,2 bilhões), principalmente “devido a volumes melhores que o esperado e preços realizados de minério de ferro” – ainda que represente uma queda de 46% em relação ao trimestre anterior (ou 2% em termos anuais).
“Dito isso, ainda prevemos um conjunto de resultados mais fraco, impactado por preços realizados de minério de ferro sequencialmente mais fracos, volumes mais baixos e custos mais elevados”, afirma a casa.
O banco considerou que os preços e volumes realizados para as vendas de níquel e cobre da empresa foram mais fracos do que o esperado, o que provavelmente resultará em um desempenho abaixo da expectativa na divisão de metais básicos da Vale.
O Itaú BBA tem recomendação ‘outperform’ para as ações de Vale, equivalente a ‘compra’, com preço-alvo a US$ 14,00.
Vale (VALE3): produção de minério de ferro sobe 6% no primeiro trimestre e chega a 70,8 milhões de toneladas
A Vale anunciou a produção de 70,8 milhões de toneladas métricas (Mt) de minério de ferro durante o primeiro trimestre de 2024 (1T24).
Conforme novo relatório operacional anunciado nesta terça-feira (16), a produção de minério de ferro da Vale mostra uma queda de 20,8% em relação ao trimestre imediatamente anterior (4T23), mas uma alta de 6,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2023 (1T23).
O aumento anual na produção da Vale é atribuído ao melhor desempenho operacional no S11D. Além disso, também impactou nesse resultado a “continuidade das iniciativas de confiabilidade dos ativos”, assim como maiores compras de terceiros.
A produção de pelotas da mineradora somou 8,5 milhões de toneladas métricas, com crescimento anual de 2%, impactada pelo aumento da “pellet feed” disponível.
Já as vendas de minério de ferro da Vale atingiram 63,8 milhões de toneladas métricas no primeiro trimestre de 2024, com aumento anual de 15%.
A Vale destacou um aumento considerável nas vendas durante o primeiro trimestre de 2024. No período, a empresa comercializou 63,826 milhões de toneladas da commodity, alta de 14,7% na comparação anual e queda de 29,3% no intervalo trimestral.
Segundo a Vale, o trimestre foi marcado por “vendas robustas de minério de ferro”, impulsionado pela melhoria consistente nas operações da commodity.
As vendas de finos da Vale atingiram 52,546 milhões de toneladas, aumento de 14,6% ante igual período do ano passado e retração de 32,5% na comparação sequencial.
Já as vendas de pelotas aumentaram 13,4% na comparação anual e diminuíram 10,3% no intervalo trimestral, para 9,225 milhões de toneladas, enquanto a produção de pelotas foi de 8,467 milhões de toneladas, aumento de 1,8%.
Preço realizado de finos de minério no trimestre foi de US$ 100,7/t, queda anual de 7,3%
O preço realizado de finos de minério de ferro foi de US$ 100,7 por tonelada no primeiro trimestre de 2024, queda de 7,3% ante igual período do ano passado. No intervalo sequencial, o recuo foi de 14,9%, informou a Vale em seu relatório de produção e vendas nesta terça-feira, 16.
Segundo a mineradora, a redução no preço realizado de finos de minério foi atribuída, em grande parte, aos ajustes provisórios de preços devido a preços futuros menores no último dia do trimestre do que a média para o período.
O preço realizado das pelotas, por sua vez, foi de US$ 171,9 a tonelada, aumento de 5,8% ante igual período do ano passado e avanço de 5,2% na comparação sequencial. De acordo com a Vale, os prêmios contratuais trimestrais de pelotas aumentaram, enquanto as vendas de pelotas geralmente não são impactadas por ajustes provisórios de preços.
O prêmio all-in totalizou US$ 2,2 por tonelada, ligeiramente maior na comparação trimestre contra trimestre. A Vale explicou que, dadas as atuais condições de mercado, com um spread de preço menor para materiais de menor qualidade, a empresa continuou a priorizar a venda de produtos blendados e de alta sílica no primeiro trimestre, a fim de maximizar o valor de seu portfólio de produtos.
Outros destaques de produção e venda da Vale no 1T24
A produção de cobre foi 22% maior, a 81,9 quilotoneladas (kt). Segundo a Vale, essa produção foi impulsionada pela “continuação do sólido ramp-up da planta de Salobo 3, bem como pelo melhor desempenho operacional das plantas de Salobo 1 e 2”.
A produção de níquel da Vale, por sua vez, foi de 39,5 quilotoneladas, cerca de 4% mais baixa na comparação anual. A queda é atribuída sobretudo pela “reforma do forno de Onça Puma”, mas que acabou sendo compensada de forma parcial pelo “melhor desempenho das operações do Canadá e da Indonésia”, destaca o comunicado da Vale.
Um dos principais destaques do desempenho da Vale no primeiro trimestre deste ano foram as vendas de minério de ferro em patamares considerados “robustos” (+15% a/a), e a consistência no aprimoramento das operações da commodity.
Outro destaque da Vale no período foi sobre o cobre, visto que Salobo 3 alcançou uma taxa média de processamento de cerca de 90%. Em relação ao níquel, as operações situadas na Indonésia e no Canadá geraram uma melhor performance na comparação anual.
*Com informações de Estadão Conteúdo