A Ativa Investimentos subiu o preço alvo da Vale (VALE3) para R$ 110 e potencial de valorização de 9,5%, mas a recomendação dos analistas continua neutra.
De acordo com a Ativa, no quarto trimestre, a Vale compensou menores preços com maiores volumes, na visão de que o mercado de ferrosos esteja passando por ajustes de oferta, que já era insuficientes antes. Mas a oferta está se tornando mais escassa agora, em função dos conflitos geopolíticos — mesmo com a demanda dando sinais de melhora, sobretudo na China.
“Diante de tal assimetria, a Vale segue tentando retomar um maior nível produtivo em finos de minério, se aproveitando dos momentos favoráveis dos preços de cobre e níquel para monetizar a divisão de metais básicos, além de seguir avançando em sua agenda de segurança”, afirmam os analistas.
Aao simular preços médios de minério de ferro a US$ 130, a Ativa vê a companhia negociar EV/Ebitda de 2022 em 4x, proporcionando um retorno sobre fluxo de caixa livre de 15,6%, além da distribuição de yield de 13,6% em 2022.
Sobre o minério de ferro, a Ativa observa que, ao término de 2021, a Vale atingiu uma capacidade produtiva de 340 Mtpa, “o que lhe dá conforto para atingir o guidance entre 315-335 Mt para 2022”.
“Mesmo com as fortes chuvas em janeiro, acreditamos que a Vale conseguirá compensar seus efeitos e entregar a produção dentro do guidance”, aponta o relatório.
Há possibilidade, dentro da análise, de que a companhia tenha maiores prêmios de qualidade em 2022, em meio à oferta e demanda. Por meio da estratégia atual de priorização de valor sobre volume, a Ativa acredita que Vale se beneficia ainda do flight to quality que vem ocorrendo com o aumento das restrições ambientais.
Outro destaque foram os metais básicos, como níquel (que sofreu oscilações nos últimos dias), cobre e cobalto. A demanda pelo primeiro metal deve dobrar na próxima década, conforme previsão da Ativa, enquanto a de cobre deve evoluir em um terço, “ambas motivadas pela eletrificação da frota e em cobre, pela evolução da geração renovável”.
“Após um 2021 operacionalmente mais complicado, nossos números supõem um 2022 mais normalizado para a divisão”, diz o relatório.
Impacto geopolítico do leste europeu
Outro ponto ressaltado pela Ativa foi o de impacto geopolítico do conflito entre Rússia e Ucrânia. A produção conjunta dos dois países representa cerca de 20% dos mercados de pellet, “o que naturalmente causará um impacto na oferta e, por conseguinte, nos preços e prêmios deste mercado”.
Os analistas entendem que mesmo com os impactos maiores nas plantas do leste europeu e com as ocidentais dispondo de alternativas para compensar a redução da oferta, os players fazem com que os choques sejam inevitáveis.
Riscos da Vale
A Ativa Investimentos relacionou os principais riscos para as ações da Vale.
- China: após o término dos Jogos Olímpicos de Inverno, houve uma reversão na demanda das siderúrgicas do país. Com mudanças regulatórias e ambientais na China, será possível ver impactos na cotação do minério de ferro. Sinais negativos por parte dos mercados imobiliários também podem tornar o mercado chinês menos vigoroso.
- Custos: apesar de já estarem em ritmo decrescente, os custos logísticos para escoar a produção entre Brasil e China seguem elevados. A Ativa acredita que pode continuar pressionando as margens da companhia. Maiores custos de diesel e forex também podem pressionar os resultados da companhia.
- Execução: observam-se problemas com licenças ambientais. Os processo de descaracterização de barragens pode impedir a retomada futura de um nível de produção compatível com o realizado pela companhia antes de Brumadinho.
- Provisões: No 4T21, o resultado foi afetado por provisões técnicas e pontuais relacionadas a Brumadinho. “Ainda que acreditemos que a companhia não deverá verificar um salto em suas provisões frente aos valores já orçados, a ocorrência de eventos que a obriguem a revisão deste provisionamento pode afetar seus próximos resultados”.
Cotação
A Vale fechou em queda de 2,64%, a R$ 94,19.