Vale (VALE3) e outras empresas do setor despencam nesta terça no Ibovespa; saiba por quê
As ações da Vale (VALE3), assim como de alguns de seus pares, despencam nesta terça-feira (20) no Ibovespa, liderando as perdas do índice. O mau desempenho reflete a decisão do governo da China, que na véspera, manteve a taxa básica de juros de um ano inalterada em 3,45%, o que acaba afetando o setor como um todo.
Perto das 12h50, as ações de Vale caíam 2,92%, cotadas a R$ 65,52. No mesmo horário, papéis de outras companhias do setor, como CSN (CSNA3) e CSN Mineração (CMIN3) recuavam 3,33% e 2,05%, respectivamente, segundo o Status Invest.
Cotação VALE
No fim da noite de ontem, o banco central da China, conhecido como PBoC, decidiu reduzir sua taxa de juros de referência para empréstimos (LPR, na sigla em inglês) de 5 anos em 25 pontos-base, a 3,95%.
O corte, recorde e maior do que o esperado, tem o claro objetivo de impulsionar o combalido mercado imobiliário chinês, segundo analistas da Capital Economics. Por outro lado, a LPR de 1 ano ficou inalterada em 3,45% pelo sexto mês seguido.
“Esses juros são utilizados principalmente para o financiamento imobiliário, o que denota que o governo vem tentando estimular esse setor cada vez mais, já que vem encontrando dificuldades e necessita de apoio para quem sabe reforçar a sua demanda”, afirma Lucas Serra, analista da Toro Investimentos.
Serra avalia que um corte de juros maior do que o esperado é, de certa forma, permitido de ser feito, uma vez que a inflação na China encontra-se bastante controlada e sem riscos inflacionários iminentes, ao menos no curto prazo. “Pelo contrário, a inflação por lá apresenta patamares bem reduzidos ultimamente, o que dá espaço justamente para este corte de juros”, acrescenta.
No entanto, Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos, acredita que mesmo com o corte na taxa, ainda há uma grande preocupação com a saúde financeira das incorporadoras.
“Sendo assim, fica o receio em novas compras, tanto que o número de vendas de casas novas na China tem caído sequencialmente. Mas a Vale, mesmo com essa queda no minério, deve apresentar uma bela geração de caixa referente ao quarto trimestre de 2023 e, na opinião de algumas casas, sendo o ‘top pick’ do setor com perspectiva de bons dividendos“, avalia.
Ainda sobre a mineradora, na segunda-feira (19), houve a confirmação de provisionamento por parte da australiana BHP, sócia da Vale na Samarco, de US$ 3,5 bilhões. Para os analistas, há a expectativa de que a mineradora brasileira também provisione algo próximo a esse valor nos resultados do quarto trimestre de 2023, previstos para serem divulgados na próxima quinta-feira (22), após o fechamento do mercado.
Vale (VALE3): produção de minério de ferro sobe 10,6% no 4T23, para 89,3 milhões de toneladas
A produção de minério de ferro da Vale subiu 10,6% no quarto trimestre de 2023 na comparação com o mesmo período do ano anterior, para 89,3 milhões de toneladas, de acordo com comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Na comparação com o trimestre anterior, a produção de minério cresceu 3,7%.
No ano passado, a produção da Vale alcançou 321,15 milhões de toneladas, acima da projeção da mineradora, que estimava 315 milhões de toneladas. Segundo a Vale, esse resultado no 4T23 da Vale pode ser explicado pelas iniciativas contínuas para melhorar a confiabilidade no S11D, além do sólido desempenho nos complexos de Itabira e Vargem Grande e das maiores compras de terceiros.
“O desempenho da Vale no quarto trimestre foi marcado por produção e vendas sólidas em todos os negócios. Em dezembro, a produção mensal de minério de ferro foi a maior desde 2018”, disse a Vale em relatório depositado nesta segunda-feira, 29, na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Em pelotas, um dos maiores ativos da companhia, a produção registrou alta de 19,2% no período, para 9,85 milhões de toneladas, devido, principalmente, ao início da produção de briquetes, que começou no quarto trimestre de 2023, um passo importante na estratégia de descarbonização da siderurgia, por meio do aumento da oferta de aglomerados de minério de ferro.
Em 2023, a produção de pelotas da Vale foi de 36,45 milhões de toneladas, uma alta de 3,5% na base anual, mas abaixo da projeção da Vale, que era de 37 milhões de toneladas.
Produção de níquel tem queda
A produção de níquel da Vale, por sua vez, atingiu 44,9 mil toneladas no quarto trimestre, 5,3% inferior que o visto no mesmo período de 2022. No ano passado, a produção foi de 164,9 milhões de toneladas, uma baixa de 7,9% ante o ano anterior, em linha com a estimativa.
Devido a organização de alguns ativos, entre eles Voisey`s Bay, que passou para mineração subterrânea, bem como a reforma do forno de Onça Puma, já era esperado pelo mercado essa queda no segmento de níquel.
No trimestre, a produção de cobre atingiu 99,1 mil toneladas, uma elevação de 49,5% na comparação anual. Em 2023, a produção aumentou 29% no ano contra ano, totalizando 326,6 milhões de toneladas, acima da projeção de 325 milhões de toneladas, impulsionado pelo ramp-up de Salobo 3, que acabou aumentando a produção em 87% no trimestre na comparação anual.
Como foram as vendas da Vale?
No último trimestre de 2023, as vendas de minério de ferro da Vale caíram 4,1% ante o mesmo intervalo de 2022, totalizando 77,88 milhões de toneladas. No ano, a mineradora registrou vendas de 256,78 milhões de toneladas, uma retração de 1,5% na comparação anual.
Por outro lado, as vendas em pelotas somaram 10,285 milhões de toneladas no período, valor 17% superior ao visto no mesmo trimestre do ano anterior. Em 2023, as vendas subiram 8,1% e somaram 35,84 milhões de toneladas.
Já as vendas de níquel caíram 17,7% no quarto trimestre do ano passado, a 47,9 mil toneladas. Em 2023, as vendas somaram 167,9 milhões de toneladas, uma baixa de 7,1% na base anual.
No trimestre, a venda de cobre da Vale foi de 97,5 mil toneladas, um aumento de 36,2% na comparação anual. No ano passado, a venda aumentou 26,2% ante 2022, totalizando 307,8 milhões de toneladas.
*Com informações de Estadão Conteúdo