A Vale (VALE3) reportou lucro líquido de US$ 892 milhões no segundo trimestre, valor que representa uma queda de 78% em um ano, se comparado aos US$ 4,093 bilhões registrados no mesmo período de 2022. O resultado reflete os preços menores do minério de ferro no mercado internacional.
Em seu documento de demonstrações financeiras, a Vale também culpou a maior apreciação do real diante do dólar no período, somado aos preços menores do minério de ferro e do níquel e algumas provisões tributárias.
A queda de patamar dos preços provocou baixa de US$ 1,34 bilhão somente no lucro da Vale no 2T23.
O impacto da combinação preço e câmbio também foi sentido nos outros indicadores financeiros. A receita líquida da Vale somou US$ 9,6 bilhões, um recuo de 13% na comparação com o 2º trimestre de 2022.
No comunicado, a Vale explica que o resultado foi influenciado também pela menor marcação a mercado das debêntures participativas e pelo impacto da baixa de R$ 5,5 milhões de tributos diferidos de ativos relacionados às provisões da Fundação Renova, após o plano de recuperação judicial.
O Ebitda da Vale (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, utilizado para medir a lucratividade operacional de uma empresa) ajustado das operações continuadas no período foi de US$ 3,8 bilhões, queda de 26%.
Matéria publicada ontem no Suno Notícias apontava que o mercado já esperava por resultados pouco animadores diante do cenário externo e da redução de demanda pela China.
A dívida líquida cresceu 66% em 12 meses, dos US$ 5,375 bilhões ao fim de junho do ano passado para US$ 8,908 em 30 de junho deste ano.
No documento, a Vale informa que a dívida líquida expandida atingiu US$ 14,7 bilhões, um valor US$ 300 milhões (R$ 1,4 bilhão) superior ao primeiro trimestre de 2023. O movimento também é explicado pelo desembolso de US$ 1,4 bilhão para o programa de recompra de ações. A dívida bruta e os arrendamentos totalizaram US$ 13,9 bilhões em 31 de junho.
No trimestre, o capital de giro teve um impacto negativo de US$ 598 milhões na geração de caixa, explicado pelo aumento de 6,8 milhões de toneladas nas vendas de minério de ferro provisionadas no final do trimestre.
O caixa gerado no trimestre juntamente com a emissão de bonds no valor de US$ 1,5 bilhão foram utilizados, principalmente, para recompra de US$ 1,361 bilhão em ações e de US$ 500 milhões em bonds.
Preço do minério
Desde março, quando o minério atingiu o pico de US$ 130 por tonelada, a cotação do insumo segue em queda livre e atualmente é negociada na cada dos US$ 110, com perspectiva de recuo nos próximos meses.
O Banco Goldman Sachs estima que a commodity pode bater US$ 90 já no segundo trimestre, devido à contração do setor imobiliário na China e dos ventos contrários à indústria globalmente.
JCP bilionário da Vale
O conselho de administração da mineradora aprovou a distribuição de US$ 1,7 bilhão em juros sobre capital próprio, a serem pagos em setembro. Esse montante é baseado nos resultados financeiros do primeiro semestre do ano.
Guidance da Vale
A mineradora brasileira aproveitou o relatório para atualizar algumas projeções financeiras para 2023, o chamado guidance.
A partir da nova projeção, o custo caixa C1 (custo de produção dos finos de minério de ferro da mina ao porto) do minério de ferro (exceto compras de terceiros) terminará o ano entre US$ 21,5 e US$ 22,5 por tonelada.
Além disso, o custo all-in do minério de ferro terminará 2023 entre US$ 52 e US$ 54 a tonelada.
O custo all-in representa o Custo caixa C1 somado ao custo de frete, as despesas, os royalties e os prêmios.
Por último, o custo all-in do níquel foi atualizado para US$ 15.000 a US$ 16.000 por tonelada ao fim de 2023, segundo a Vale.
Com Estadão Conteúdo