Impactos da guerra, chuvas no Brasil… Vale (VALE3): o que já se pode antecipar do 1T22?
A Ativa Investimentos teve uma conversa com o time de relações institucionais da Vale (VALE3) para entender os efeitos das chuvas do início do ano na produção da mineradora no 1T22 e quais têm sido os esforços da empresa para incrementar sua capacidade. Os impactos do conflito entre Rússia e Ucrânia e o momento atual da divisão de metais básicos também foram tópicos da conversa.
Segundo o relatório da Ativa sobre a Vale, a produção da mineradora no primeiro trimestre deste ano será mais fraca. A produção de minério de ferro sofreu os impactos das fortes chuvas no começo do ano e, com isso, as perdas no período podem chegar a duas milhões de toneladas.
Entretanto, a corretora indica que a Vale deve repor essa perda ao longo de 2022.
A Ativa tem uma recomendação neutra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 110, equivalente a um potencial de valorização de 11,3% frente o fechamento do dia anterior (R$ 98,81).
Conflito Rússia e Ucrânia
Para a mineradora, os principais impactos com o conflito militar entre os países do leste europeu deve-se verificar no aumento dos custos e também no aumento dos prêmios, sobretudo no mercado de pelotas. Isso porque Rússia e Ucrânia, juntas, detêm cerca de 30% da produção global de pelotas para altos-fornos.
“De forma geral, acreditamos que os efeitos nos prêmios podem superar a pressão nos custos, uma vez que a Vale já operava abaixo de sua capacidade e, atualmente, não se depara com falta de demanda para embarcar a sua produção”, analisa a Ativa.
Além disso, o relatório indica que o governo chinês tem dado mostras de querer exercer políticas para suportar um forte crescimento do PIB em 2022, o que é positivo para Vale. “O risco para a concretização deste cenário é o recrudescimento das questões envolvendo o combate ao Covid-19 no país”, que registrou aumento de casos nas últimas semanas.
Aumento na capacidade da Vale
Se por um lado a produção da Vale pode cair no 1T22 por causa das chuvas, por outro a mineradora trabalha o aumento da sua capacidade de produção.
Ao fim de 2021, a capacidade da Vale era de 340 milhões de toneladas ao ano. De acordo com a Ativa, com as iniciativas em curso pela empresa, o aumento deverá ser de 30 milhões de toneladas ao fim de 2022, chegando a 400 milhões de toneladas totais em 2023.
O incremento deve vir do aumento da capacidade de disposição de rejeitos em Itabiruçu e Torto. Além disso, também há projetos em desenvolvimento como a instalação de britadores em S11D e o ramp-up das plantas de filtragem em Brucutu e Itabira, que devem ser concretizadas até o final do 1S22, “contribuindo para a obtenção de uma estabilidade da produção”, avalia a Ativa.
“Entretanto, tal como em 2021 e 2022, estimamos que a companhia mire metas de produção mais conservadoras ao longo dos próximos anos de forma a maximizar sua estratégia de exploração de valor sobre o volume”, indica o relatório.
Performance de metais básicos
As perspectivas para 2022 são superiores às presenciadas em 2021, segundo o relatório. Para a corretora, no 4T21, as plantas de Sudbury e Totten da Vale já estavam performando melhor, bem como Onça Puma. “O foco para 2022 está em trazer estabilidade no negócio, conciliando volume e produtividade”.
“Em termos de crescimento, a mineradora pode chegar numa produção de cobre que alcance até os 450 mt no médio prazo. Em níquel, não avistamos grandes possibilidades de incremento de produção no médio prazo”.
A Ativa destaca ainda que em ambos os mercados a demanda está aquecida e com a oferta atualmente ajustada.
Recomendações para a Vale
Nesta terça-feira (22), as ações da Vale fecharam em queda na bolsa de valores de 2,24%, avaliados em R$ 96,60.
Nos últimos 12 meses, entretanto, as ações da Vale acumulam mais de 20% de valorização, avaliadas em R$ 103,14 na máxima.
De acordo com o consenso de mercado Refinitiv, a mineradora tem 11 recomendações por casas de análise, sendo 8 recomendações de compra e 3 neutras.
A mediana de preço alvo para as ações da Vale é de R$ 96,85, abaixo do valor de cotação atual da empresa. Já a média de preço alvo é de R$ 108,55, equivalente a um upside de 10%.