Vale (VALE3): após guidance conservador, BTG se mantém neutro
Nesta terça-feira (03), a Vale (VALE3) realizou seu investor day, com atualizações sobre a sua estratégia para 2025. Em relatório, o BTG Pactual afirma que as projeções foram conservadoras, e mantém recomendação neutra para o ativo.
De acordo com os analistas, a gestão da empresa enfatizou a flexibilidade no portfólio de minério de ferro e a cautela com metais básicos, ao mesmo tempo em que reafirmou o compromisso com o equilíbrio entre crescimento e retorno aos acionistas.
Confira a seguir os principais pontos destacados pelo BTG Pactual sobre o Vale Day:
Produção de minério de ferro segue estável
A VALE3 prevê volumes de minério de ferro praticamente estáveis para 2025, entre 325-335 milhões de toneladas, com custos entregues à China variando entre US$ 53-57 por tonelada. Essa postura reflete uma maior atenção à ciclicidade do setor siderúrgico e à necessidade de ajustar o portfólio à demanda global, especialmente em mercados fora da China, como Sudeste Asiático, Oriente Médio e Índia.
A empresa também destacou avanços em projetos-chave, como o S11D, que adicionará 20 milhões de toneladas anuais de capacidade até 2026-2027, e Capanema, já em operação, com 15 milhões de toneladas a custos competitivos.
Metais básicos
O segmento de metais básicos da Vale permanece em foco, mas a Vale mantém uma abordagem pragmática. A produção de cobre deve atingir entre 340-370 mil toneladas em 2025, enquanto a de níquel deve ficar entre 160-175 mil toneladas. Para o longo prazo, a mineradora projeta alcançar 420-500 mil toneladas de cobre e 210-250 mil toneladas de níquel anuais até 2030, com possíveis expansões adicionais em Carajás.
Essa estratégia visa otimizar operações existentes, como o aumento de 13% na moagem de minério no Salobo e Sudbury, e estender a vida útil de ativos como Sossego, consolidando a Vale como um player relevante no mercado de metais essenciais à transição energética global.
Dividendos limitados?
Com um CAPEX de US$ 6,5 bilhões previsto para 2025 e desembolsos adicionais de US$ 3,7 bilhões relacionados a Samarco e Brumadinho, o fluxo de caixa livre da Vale seguirá pressionado, diz o BTG.
Apesar disso, a gestão reafirmou o compromisso com uma política de dividendos mínimos, oferecendo rendimentos estimados entre 6-8%. No entanto, a possibilidade de dividendos extraordinários parece improvável no curto prazo, dadas as prioridades de investimento e estabilidade financeira.
Catalisadores
A renovação da concessão ferroviária e a revisão do decreto das cavernas são pontos de atenção que podem destravar valor significativo para a companhia, de acordo com o BTG.
A revisão do decreto, por exemplo, pode liberar até 1,6 bilhão de toneladas de reservas adicionais de minério de ferro. Entretanto, a visibilidade sobre essas questões ainda é limitada.
Cenário macroeconômico
Apesar dos esforços da gestão, a perspectiva macroeconômica, especialmente a vulnerabilidade da demanda chinesa, continua a pesar sobre os preços do minério de ferro.
Com ações negociadas a cerca de 4x o EBITDA estimado para 2025 e a falta de catalisadores de curto prazo, a valorização significativa dos papéis parece difícil no momento, segundo os analistas.
A Vale, no entanto, reforça sua posição como uma produtora flexível e focada no longo prazo, com estratégias alinhadas às demandas do mercado global e às necessidades de descarbonização, o que pode consolidar sua relevância no setor.
O BTG Pactual tem recomendação neutra para as ações da Vale, com preço-alvo de US$ 11 para os ADRs negociados em Nova York.
Por volta das 15h desta quarta-feira (04), a Vale operava em queda de 1,80% no Ibovespa, com as ações VALE3 cotadas a R$ 57,42.