A Vale (VALE3) informou que poderá pagar até R$ 8 bilhões em indenizações, reparações e obras ligadas ao desaste de Brumadinho. A informação foi inserida no balanço da mineradora, divulgado na última quinta-feira (20).
Segundo a Vale, estão sendo negociados acordos com o governo de Minas Gerais e com outras autoridades públicas para suspender as ações judiciais derivantes da tragédia de Brumadinho, que provocou 270 mortos em janeiro de 2019.
Até o momento, a mineradora reservou R$ 29 bilhões em gastos ligados a ruptura da barragem. Nesse montante estão incluídas as despesas ligadas a descaracterização de barragens semelhantes a aquela do Córrego do Feijão.
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No mesmo dia em que a Vale divulgou seu balanço, a comissão independente contratada pela própria mineradora divulgou um relatório em que indicou como a empresa sabia das fragilidades da estrutura. Essa informação era de conhecimento da Vale desde, pelo menos, 2003. Entretanto, não foram tomadas medidas adequadas para evitar que a barragem se rompessem, nem para tirar instalações operacionais da área de risco.
Incerteza sobre conclusão dos acordos
Segundo a Vale, não há certeza sobre o desfecho dos acordos, cujo custo poderia variar entre R$ 4 bilhões e R$ 8 bilhões. Por isso, esses recursos ainda não foram provisionados.
Segundo a direção da mineradora, as negociações para suspender as ações judiciais poderiam reduzir a insegurança jurídica sobre os resultados e dar maior rapidez ao retorno do pagamento de dividendos.
“O acordo tem que ser bom para ambas as partes. Se é tão bom para nós suspender as ações, as autoridades estão pedindo algo a mais”, explicou o diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, em teleconferência com analistas, “Hoje a condição financeira da companhia não está muito distante daquela que definimos como alvo”,
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A Vale, todavia, salientou que o foco continua sendo o reparo dos danos causados com a destruição da barragem. Somente após isso serão considerado o retorno do pagamento de dividendos aos acionistas.
Vale fecha 2019 com prejuízo de US$ 1,683 bilhão
A Vale registrou um prejuízo de US$ 1,683 bilhão em 2019. Em 2018 esse resultado tinha sido de um lucro líquido de US$ 6,860 bilhões. A mineradora divulgou nesta quinta-feira (20) seu balanço do ano passado.
Segundo a Vale, essa redução de US$ 8,543 bilhões deveu-se, principalmente:
- a provisões e despesas incorridas relativas a ruptura da barragem de Brumadinho, incluindo a descaracterização de barragens e acordos de reparação (US$ 7,402 bilhões);
- ao registro de impairment e contratos onerosos sem efeito caixa, principalmente relacionados aos segmentos de Metais Básicos e Carvão (US$ 4,202 bilhões);
- a provisões relacionadas à Fundação Renova e à descaracterização da barragem de Germano (US$ 758 milhões), que foram parcialmente compensados por uma menor perda com variações cambiais no ano (US$ 2,555 bilhões)
No 4T19, o EBITDA (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) pró-forma da Vale totalizou US$4,677 bilhões, ficando US$ 151 milhões abaixo do 3T19. O impacto do menor preço de referência do minério de ferro foi largamente compensado por:
- maiores volumes de venda de finos de minério de ferro;
- menores custos unitários do minério de ferro entregue nos portos chineses que alcançaram o EBITDA break-even de US$37,6/t no 4T19, US$2,5/t menor do que no 3T19, principalmente pela redução nos custos caixa C1 e de frete e pela maior contribuição das pelotas;
- maiores preços realizados de Metais Básicos
O EBITDA ajustado foi de US$ 10,585 bilhões em 2019, contra US$ 16,593 bilhões em 2018. Uma queda de 36,2% na comparação ano a ano. A margem EBITDA ajustada passou de 45% em 2018 para 28% em 2019.
A receita operacional líquida da mineradora foi de US$ 37,570 bilhões em 2019, um aumento de 2,7% em relação a quanto registrado em 2018, quando esse valor tinha sido de US$ 36,575 bilhões.