Vale (VALE3) está em discussões avançadas com governo sobre condições para investimentos em ferrovias
A Vale (VALE3) comunicou ao mercado nesta quarta-feira (3) que está em “discussões avançadas” com o Ministério dos Transportes sobre as condições gerais para otimização dos planos de investimentos dos contratos de concessão da Estrada de Ferro Carajás (EFC) e Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM).
A mineradora afirmou que atualmente, executa regularmente os investimentos nas duas ferrovias nos termos estabelecidos e divulgados ao mercado em 16 de dezembro de 2020.
“Neste sentido, a Vale informará o mercado caso qualquer compromisso material seja estabelecido no âmbito das negociações, em linha com a legislação vigente”, disse.
Também nesta quarta-feira (3), a Vale informou que tomou conhecimento sobre uma decisão do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA), que suspendeu a liminar que autorizava o funcionamento da Mina de Onça Puma.
Em fevereiro de 2024, a Secretaria do Meio Ambiente do Estado do Pará (Semas) havia suspendido a licença de operação (LO) da mina, alegando descumprimento de condicionantes ambientais.
“Após a decisão da Semas, a Vale ajuizou Tutela Provisória de Urgência, tendo o juízo de primeira instância de Ourilândia, em 26 de fevereiro de 2024, restabelecido a vigência e validade da LO. Em 1º de março, o Estado interpôs recurso de agravo de instrumento para o Tribunal de Justiça do Estado do Pará, que proferiu a decisão de hoje, suspendendo a decisão de primeira instância e, por conseguinte, suspendendo a LO”, informou a Vale, acrescentando que “adotará as medidas judiciais cabíveis para buscar reverter a decisão perante o TJPA, assim como nos tribunais superiores em Brasília”, informou.
Vale (VALE3): casas divergem sobre perspectivas; entenda
Em relatório divulgado no início da semana, a XP (XPBR31) informou que excluiu os papéis da Vale da carteira de abril, conta da queda nos preços do minério de ferro.
Em contrapartida, o Santander (SANB11) ressaltou que embora a tese de investimento da mineradora continue altamente dependente da China, acredita que a Vale deve ser beneficiada por uma melhora do cenário para o minério de ferro nos próximos meses. O banco ainda reforçou a empresa como ‘top pick’ do setor de siderurgia e mineração.
“Esperamos que a demanda por minério de ferro de alta qualidade continue decente no curto prazo, beneficiando a empresa devido ao incremento do projeto S11D (localizado no município de Canaã dos Carajás, no sudeste do Pará), que aumentou a oferta da commodity de maior qualidade da companhia”, escreveram os analistas Ricardo Peretti e Alice Corrêa.
Com isso, o Santander manteve sua visão positiva sobre os preços do minério de ferro a médio prazo. “A nossa tese é orientada pela restrição de oferta, uma vez que os persistentes desafios de suprimento (por exemplo, ramp-up da Vale, ESG em destaque, falta de novos projetos, entre outros) devem sustentar os preços do minério de ferro acima de US$ 100/t por mais tempo”, pontuou o banco.
O Santander ressaltou ainda que a Vale é a ‘top pick’ do setor de siderurgia e mineração, diante da sua preferência por minério de ferro versus aço, já que agora espera preços médios de minério de ferro de US$ 105/tonelada em 2024 versus US$ 100/tonelada anteriormente. Além disso, o banco vê a Vale negociando a um valuation atraente (rendimento de FCL de 8% e 3,2x EV/Ebitda 2024E), um desconto de 28% em relação aos pares globais.
“Embora reconheçamos que a tese de investimento da Vale continua altamente dependente da China, vemos os fundamentos que apoiam os preços do minério de ferro no curto prazo ainda sólidos, especialmente no momento que passamos por uma sazonalidade de produção mais fraca no Brasil e na Austrália. Olhando para 2024, esperamos que o mercado de minério de ferro permaneça relativamente equilibrado”, acrescentaram os analistas.