Especialistas em investimentos estão de olho nas ações da Vale (VALE3) após a mineradora brasileira deixar uma série de ruídos no mercado financeiro, como a incerteza de curto prazo, o alto custo no pagamento de indenização pelo rompimento de barragem em Mariana (MG), a pressão do governo contra a empresa e a indefinição do novo CEO da companhia – mas essa durou até esta sexta (8).
Nesta sexta o Conselho de Administração da empresa deliberou pela renovação do mandato do CEO, Eduardo Bartolomeo, que ficará no comando da companhia até dezembro de 2024, segundo fontes do Estadão. Ele teve 11 votos a favor de sua permanência e dois contra. O mandato se encerraria em 26 de maio próximo. De acordo com o jornal, até o fim do ano uma empresa será contratada para procurar três indicações de sucessores. O próprio Bartolomeo irá contribuir para escolher o novo CEO da Vale.
Segundo o Estadão, Bartolomeo fará parte da transição do cargo até março de 2025 depois será consultor da Vale até o fim do próximo ano.
Bruno Rosolino, analista da Genial Investimentos, apresentou suas análises sobre a ação da Vale em um vídeo recente intitulado “Vale: Está barato para comprar? Entenda os riscos para as ações”. Durante a análise, os resultados do quarto trimestre do ano passado (4T23) foram discutidos por Rosolino, que destacou a relevância de entender os riscos antes de investir na mineradora. Ele observa que, embora a cotação da Vale seja atrativa no momento, há desafios que os investidores devem considerar.
O estrategista ressalta a incerteza de curto prazo, especialmente em relação à China, historicamente uma peça-chave para a mineradora brasileira. No entanto, ele enfatiza que há perspectivas operacionais mais positivas para este ano.
“O momento é bom, mas os investidores da Vale precisam estar cientes dos desafios e ruídos que podem influenciar os resultados”, diz Rosolino.
Vale: cenário operacional favorável
Além disso, o analista destaca três pontos-chave que ele chamou de “overhangs” ou ruídos que podem impactar a Vale. O primeiro é o acordo relacionado às indenizações de Mariana, com estimativas entre R$ 125 a R$ 155 bilhões. Esse acordo, segundo ele, pode afetar significativamente os direcionamentos de dividendos da Vale e o capital da empresa.
Outro ponto era a eleição do novo CEO da Vale, com pressão do governo brasileiro para nomear alguém alinhado aos seus interesses. Isso levantou questões sobre a autonomia da empresa. Na quinta-feira (7), a Vale enviou comunicado à imprensa afirmando que não havia decisão de seu conselho de administração sobre renovação de mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, ou sobre a realização de processo sucessório.
Em comunicado, a mineradora disse que o conselho seguiria conduzindo “de forma diligente” as discussões sobre definição do presidente da companhia e cumprindo “com rigor” o estatuto social e políticas corporativas.
“O risco associado à eleição do novo CEO e às pressões do governo são fatores que os investidores ainda devem monitorar de perto. Isso pode impactar a trajetória da empresa nos próximos meses”, alertava Rosolino, antes da confirmação de Bartolomeu nesta sexta.
O especialista também abordou a pressão contínua do governo sobre a Vale, exemplificada pela suspensão recente da licença de operação de duas minas pela Secretaria do Meio Ambiente. Essas declarações podem ter impactos negativos nos resultados da empresa.
Apesar dos desafios indicados, o analista ressaltou que o cenário operacional da Vale é favorável e que as ações da Vale estão descontadas. Ele indicou que, embora os riscos estejam presentes, muitos deles já foram precificados nas ações da Vale.
Em outra observação, Rosolino impõe a demanda atual por minérios. Embora o preço do minério possa estar sob pressão, a Vale ainda mantém um cenário operacional sólido.
“Apesar das incertezas, a demanda por minério continua, fornecendo um suporte operacional à Vale. Os investidores devem ponderar esses fatores ao considerar a compra de ações da empresa”, diz.