A Vale (VALE3) divulgou recentemente, em fato relevante, novos detalhes sobre a proposta de indenização sobre o rompimento de barragem em Mariana (MG).
O processo de repactuação ocorre ainda sob sigilo da Justiça pelo caráter confidencial das informações, mas a companhia acabou confirmando esses valores em resposta ao vazamento de uma parcela de informações confidenciais.
Até então já foram gastos cerca de R$ 37 bilhões em remediação e indenização (até março de 2024).
Analistas da Genial apontam que a Vale (VALE3) preferiu anunciar publicamente o valor da proposta, pois provavelmente acredita que esteja em vias finais de fechar o acordo sobre Mariana.
“Portanto, o anúncio antecipado do valor deveria ajudar aos investidores a precificarem melhor a extensão dos impactos em seus modelos, além de oferecer uma comparação mais adequada para a modificação do guidance de provisionamento, promovida pela Vale junto com a publicação do resultado do 1T24”, observa a casa.
Nesse cenário, a companhia elevou o guidance de provisionamento.
A Genial alega que estava considerando uma baixa no lucro líquido no 1T24 contaminado por US$ 270 milhões estimados em provisão, que seriam alocados em resultados de Coligadas e JVs, uma vez que o acidente do rompimento da barragem de Torto, em Mariana (MG), ocorreu através da operação da Samarco (JV entre Vale e BHP) em 2015.
“Embora o valor relacionado a Samarco no novo guidance tenha ficado estável em US$ 900 milhões para 2024, o valor total figurado entre os anos de 2024-2038 subiu para US$ 4,4 bilhões (alta de 22% ante o guidance anterior”, observa a casa.
“Os anos de 2026 e 2027 foram os mais penalizados no novo guidance ante o antigo, sendo divulgados agora em US$ 800 milhões (duas vezes mais) e US$ 1 bilhão (3,3x mais), respectivamente”, completa.
Apesar disso, o prazo de diluição total também foi divulgado com elevação, em mais 3 anos frente a curva de provisão passada, o que ajuda a reduzir o impacto de números maiores no cálculo de Valor Patrimonial Líquido.
Ou seja, a conclusão da Genial é de que a Vale estava subvalorizando o tamanho do potencial acordo a ser costurado com o Ministério Público Federal (MPF).
Itaú BBA cita principais riscos para a Vale
Especialistas do Itaú BBA enxergam que um valor de liquidação final ou um cronograma de pagamento mais antecipado são os principais riscos a serem monitorados sobre a Samarco.
“Sem provisões adicionais da Vale, a Samarco teria que contribuir com US$ 4,2 bilhões para a Renova (em termos reais, não ajustados a valor presente). A proposta de renegociação em andamento do rompimento da barragem da Samarco é de R$ 90 bilhões, excluindo os R$ 37 bilhões já desembolsados”, observam os analistas.
“Isso corresponde a US$ 9,0 bilhões relativos à participação da Vale, em reais prazos, mas não ajustados a valor presente. Isto é comparável a US$ 4,8 bilhões relativos à soma reportada do cronograma de saída recentemente revisado da Vale para a Samarco”, completa.
Tanto o BBA quanto a Genial possuem recomendação de compra para as ações da Vale. O BBA tem um preço-alvo de US$ 14 para as ADRs.
Já a Genial tem um preço-alvo de R$ 72,30 para as ações VALE3.
Atualmente os papéis da Vale negociam a cerca de R$ 63, apresentando uma desvalorização de 18% no ano de 2024.