O BTG Pactual avalia que a Vale (VALE3) conseguiu entregar um trimestre sólido, superando as expectativas. A mineradora teve um lucro líquido das operações continuadas de US$ 2,442 bilhões no quarto trimestre de 2023 (4T23). Diante desse cenário, os analistas continuam acreditando que dividendos extraordinários virão em 2024.
O BTG acredita que muito do pessimismo sobre a tese da companhia já está precificado, sendo esperado um ambiente operacional melhor em 2024, com os mercados de minério de ferro caminhando para mais um ano de déficits e contínuas revisões positivas de lucros.
“Estamos modelando os preços do minério de ferro em uma média de US$ 120/t para o ano, que ainda está acima do consenso, e esperamos ver mais revisões positivas nos próximos meses”, comenta o banco.
Para os analistas, os preços do minério de ferro continuam se mantendo em níveis bastante saudáveis (US$ 120/tonelada), o que contribui com a tese de investimento. Com isso, o BTG tem recomendação de compra para as ações da Vale, com preço-alvo de R$ 96, ante os R$ R$ 67 atuais.
“Enxergamos a Vale negociando abaixo de 4x EV/EBITDA projetado em 24, e esperamos yields de 12%, incluindo recompras de ações. Continuamos acreditando que dividendos extraordinários são prováveis no 2S24”, afirma o BTG, que vê dividendos totais rendendo de 11% a 12%.
Vale tem lucro 34,75% menor no 4T23
A Vale (VALE3) teve um lucro líquido das operações continuadas de US$ 2,442 bilhões no quarto trimestre de 2023 (4T23), o que representa uma queda de 34,75% em relação ao mesmo período do ano anterior (4T22), quando o resultado foi de US$ 3,743 bilhões.
O balanço da Vale também traz um lucro líquido das operações continuadas atribuído aos acionistas de US$ 2,418 bilhões, equivalente a uma baixa de 35,06% na comparação com o quarto trimestre de 2023.
O resultado da Vale foi impactado negativamente pelo incremento na provisão atrelada ao rompimento da barragem da Samarco, cujo valor é de US$ 1,229 bilhão. Além disso, a mineradora também destaca um potencial acordo global com as autoridades brasileiras.
“Embora ainda sujeita a incertezas, nossa avaliação considera todas as informações disponíveis sobre o status do potencial acordo, os processos relacionados ao rompimento da barragem da Samarco e até em que medida a Samarco terá capacidade de contribuir com quaisquer desembolsos futuros”, destaca o novo balanço trimestral da Vale.
Conselheiros querem CFO no comando da mineradora
Os conselheiros da Vale que apoiaram a recondução do atual CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeu, em reunião extraordinária realizada há duas semanas, se articulam agora em torno de Gustavo Pimenta, atual diretor-financeiro (CFO) da companhia. A apuração é do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo.
De acordo com a publicação, a ideia do grupo é de que Bartolomeu fique mais um ano no comando da Vale, fazendo a transição, e Pimenta complemente o mandato.
Por outro lado, diz Jardim, a equipe de oposição deseja que o processo de escolha seja feito conforme a governança da Vale determina: a contratação de um head hunter para a indicação de uma lista tríplice, que poderia contar com o nome do atual diretor-financeiro.
Na última terça-feira (27), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a Vale “não pode pensar que é dona do Brasil” e que “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro”. Ele deu as declarações em entrevista à RedeTV!, que foi gravada pela manhã e transmitida na noite de terça.
Lula foi questionado sobre as notícias de que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na presidência da empresa e sobre como acompanha a sucessão no comando da Vale. Lula disse que não discute o assunto, mas a “questão mineral” do Brasil, e afirmou que pretende ter uma nova política para a área.
Como mostrou o Estadão, a tentativa de interferência do governo na sucessão da Vale produziu uma divisão entre os acionistas da companhia que paralisou a decisão sobre quem vai presidir a companhia.
Desempenho anual das ações da Vale
Cotação VALE3