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Dividendos da Vale (VALE3) devem cair, mas ações estão baratas, diz analista da Suno

João Daronco, analista CNPI da Suno Research

João Daronco, analista CNPI da Suno Research

O analista CNPI da Suno Research, João Daronco, comenta que apesar de esperar uma redução no patamar do dividend yield (DY) da Vale (VALE3), ainda se mantém otimista com a companhia, dado que enxerga um valuation atrativo no patamar atual.

Atualmente os dividendos da Vale representam um yield de 11%, com R$ 6,98 pagos por ação nos últimos 12 meses.

As ações VALE3, por sua vez, negociam pouco abaixo de R$ 62 por papel, representando uma queda de 20% no acumulado do ano.

“Na minha visão esse dividendo deve cair no futuro. Quando olhamos para os próximos 12 meses, a projeção é de uma que desses 11% para algo próximo de 8%. Isso, principalmente porque o preço do minério de ferro caiu”, comenta João Daronco.

“Sobre valuation, o preço de tela precifica um cenário pouco plausível. Um cenário de minério de ferro na casa dos US$ 80 por tonelada, que é algo que eu não vejo. Eu enxergo o minério de ferro em um range de US$ 90 a US$ 100 tendo em vista o custo do produtor marginal, ou seja a Vale estaria barata nesse cenário”, completa.

Nomes para CEO da Vale afastam ruídos sobre influência política

Sobre a lista de 15 nomes ventilados para CEO da Vale, Daronco diz que vê a relação de executivos com bons olhos, já que enxerga os nomes como técnicos.

“Acho que alivia a tensão do mercado sobre uma indicação política por parte do Governo. É um alívio grande para o mercado, e o que me causa tranquilidade é que são nomes técnicos. O nome mais ‘político’ é o do Pedro Parente, mas é um nome que agrada o mercado. Quando eu olho para o trabalho que ele fez na Petrobras (PETR4), de turnaround, é algo que me agrada”, comenta.

Pedro Parente é considerado um nome ‘mais político’ por conta do seu passado, já que foi ministro do Planejamento, de Minas e Energia e da Casa Civil durante os mandatos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

Parente foi presidente da Petrobras entre maio de 2016 e junho de 2018, sendo conhecido pelo mercado como o executivo que reestruturou a empresa e fortaleceu sua saúde financeira após a companhia somar dívidas, escândalos de corrupção e problemas que a levaram a ter a maior dívida corporativa de todo o mundo.

Além de Parente, a relação de nomes sondados pela consultoria Russel Reynolds inclui: Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer (EMBR3), Gustavo Werneck, CEO da Gerdau (GGBR4), Carlos Piani, CEO da Equatorial (EQTL3), Cristiano Teixeira, CEO da Klabin (KLBN11), Maurício Bhar, CEO da Engie (EGIE3), Antonio Maciel Neto, CEO da Caoa, Pedro Parente, ex-presidente da Petrobras (PETR4), Pablo Di Si, presidente da Volkswagen nos Estados Unidos, Ruben Marcos Fernandes, executivo da mineradora Anglo American, Marcelo Bastos, executivo da mineradora BHP e ex-Vale

Juntamente com isso, o analista aponta que no contexto atual a mineradora não é tão sensível ao management.

“Tem nomes ligados a processos, eficiência. A Vale é uma empresa em que [o management] não precisa tirar algo da cartola. É uma companhia gigante, muito mais um trem que já está andando sobre os trilhos e a função [do CEO] é manter ela neles e continuar com a velocidade”, explica.

“Tivemos uma forte pressão política há alguns trimestres, que vimos que fez preço. Na minha visão em grande parte isso é ruído. É claro que temos que nos preocupar, mas o cargo de CEO de uma companhia é curto, é de alguns anos, dificilmente passa de quatro anos, e a Vale é extremamente sólida, mas não vai chegar alguém lá e quebrar ela. Minhas preocupações hoje são mais voltadas mais para a China, sobre como isso impacta o minério de ferro”, complementa.

Além disso, o analista da Suno acrescenta que a companhia tem uma estrutura que a blinda de interferências políticas ainda que o governo tenha relações estreitas com o acionista majoritário.

“Quando pegamos uma estatal, a maioria do Conselho é do Governo. E aí quando se tem uma votação, você geralmente consegue ganhar ela, seja para mudanças no estatuo, mudança de CEO. A Vale é privatizada e o Governo tem a Previ, que é minoritária, e precisa fazer pressão nos Conselheiros independentes para eles migrarem o volto, alinharem ao governo e ‘engrossarem o caldo'”, analisa.

“Hoje a Vale é blindada, já que inclsuive a maioria do Conselho é independente”, conclui.

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