Ontem à noite, a Vale (VALE3) divulgou um lucro de US$ 3,88 bilhões, auferido no terceiro trimestre. Os números da companhia, além de representarem uma queda de 49% na comparação com o trimestre anterior, ficaram abaixo de praticamente todas as estimativas. Analistas atribuem os maiores custos ao baixo desempenho.
“A Vale divulgou um conjunto de resultados sequencialmente mais fraco”, disseram os analistas do BTG Pactual Digital, ao salientarem que o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficaram em linha com que eles esperavam.
A ponderação reside no fato de que o ambiente macroeconômico mostra-se mais difícil para a Vale.
“Enquanto o macroambiente chinês é inegavelmente mais desafiador (quem poderia imaginar uma queda de dois dígitos na produção de aço?), a empresa conseguiu entregar mais um trimestre de geração de fluxo de caixa substancial.”
Essa linha do resultado da Vale ficou em US$ 7,6 bilhões, yield de 11% apenas no trimestre.
Os analistas também comentaram que a dívida líquida expandida ficou em US$ 13 bilhões, próximo da meta de US$ 15 bilhões. Isso pode representar um entrave à distribuição de dividendos mais agressivos no curto prazo.
Porém, o bottom up da Vale, ou seja, os fundamentos da empresa permanecem sólidos, segundo eles.
“A gestão continua altamente disciplinada na alocação de capital, o que ainda implica que a maior parte da agenda deve envolver os retornos de caixa dos acionistas”, comentam. Para o BTG, o dividend yield em 2022 será de 13%.
Os analistas reiteraram a recomendação de compra das ações da Vale, com preço-alvo de R$ 115. Por volta das 11h desta sexta, os papéis caíam mais de 2%, para R$ 71,70, o que confere um upside de 60%.
Preços do minério da Vale frustram XP
Segundo a XP, o principal destaque negativo do trimestre foram os preços realizados com o minério de ferro. A cotação média da commodity praticada pela Vale foi de US$ 126,7, 12% abaixo das estimativas da corretora. Os custos acima do esperado pressionaram ainda mais essa linha do resultado.
A receita consolidada da Vale de US$12,7 bilhões ficou 7% abaixo das estimativas dos analistas da XP, também em função dos menores preços realizados. O Ebitda Proforma ajustado, de US$ 7,1 bilhões, foi 4% inferior ao esperado.
O Ebitda ligado ao minério de ferro foi de US$ 6,7 bilhões, resultado 6% inferior ao esperado pela XP e 13% abaixo do que o consenso esperava. O custo caixa C1, excluindo compras de terceiros, de US$18,1 por tonelada, resultado do consumo de estoques com custos médios de produção.
“Olhando para frente, a Vale espera pressões de custo menores no próximo trimestre”, comentou a XP.
Já o Ebitda de metais básicos, por sua vez, atingiu US$ 505 bilhões, uma queda de 42% na comparação trimestral. O impacto foi proporcionado pela greve de trabalhadores no Canadá. Isso pressionou os preços, em razão das quedas nas vendas.
A corretora recomenda compra dos papéis da Vale, com preço-alvo de R$ 122 — potencial de valorização de 70%.