As ações da Vale (VALE3) passaram a subir no Ibovespa nesta sexta-feira (7), pressionadas pela queda do minério de ferro na China e as incertezas quanto aos rumos da economia no país. Ao contrário, as demais mineradoras e siderúrgicas, menos expostas a esses riscos, acabam subindo na sessão.
Cotação VALE3
Perto das 16h, as ações da Vale subiam 0,82%, ao preço de R$ 65,38, enquanto as ações de mineradoras e siderúrgicas avançavam. Confira:
- Usiminas (USIM5): alta de 2,16%, aos R$ 7,53;
- Gerdau (GGBR4): alta de 2,23%, aos R$ 26,14;
- Metalúrgica Gerdau (GOAU4): alta de 2,23%, aos R$ 12,37;
- CSN (CSNA3): alta de 4,61%, aos R$ 12,72;
- CSN Mineração (CMIN3): alta de 2,18%, aos R$ 4,21;
Entenda movimento das mineradoras no Ibovespa hoje
Os contratos futuros de minério de ferro nas bolsas de Dalian e Cingapura caíram nesta sexta-feira, conforme traders avaliam as perspectivas de demanda e ponderam a eficiência das medidas de estímulo econômico esperadas na China, segundo informações divulgadas pela Reuters.
Na bolsa de Cingapura, o minério de ferro referência para agosto caiu 1,8%, para US$ 108,10 a tonelada, depois de negociar praticamente estável no início da sessão.
Já na Dalian Commodity Exchange da China, o contrato de minério de ferro mais negociado para setembro terminou as negociações diurnas em queda de 1,9% – assim, a tonelada chegou ao preço de US$ 112,16.
“A Vale é a que mais sofre com a questão do minério de ferro, porque ainda tem a questão do custo, que aumentou este ano. Somado a isso, temos o dólar também em queda influenciando os resultados futuros, pois é a mais exposta moeda entre as empresas do setor de siderurgia”, disse Fábio Lemos, sócio da Fatorial Investimentos.
Por outro lado, outras empresas do setor operam positivamente nesta sexta-feira, menos expostas a esses riscos. “A Usiminas, por exemplo, compreende mais o mercado interno. A CSN é mista e a Gerdau possui planta nos Estados Unidos, então ela acaba se beneficiando por a economia está forte por lá”, aponta Lemos.
Ainda segundo a Reuters, os mercados esperam que a China, maior produtora de aço e consumidora de metais do mundo, revele um pacote de estímulo para apoiar sua recuperação econômica pós-pandemia, após uma reunião do departamento político do Partido Comunista no final deste mês.
Neste sentido, analistas aguardam para ver até onde Pequim está disposta a ir para apoiar o setor imobiliário doméstico, um dos maiores impulsionadores da demanda por aço e considerado um pilar da economia do país, mas que passa por dificuldades, informou a agência de notícias.
“Sempre é bom ressaltar que a incógnita sobre qual será a magnitude do novo pacote de estímulos do primeiro ministro Chinês para resolver definitivamente a questão de crescimento e demanda econômica na China ou, mais uma vez, ficaremos limitados a ver PMIs com crescimento apenas em serviços”, completou Lemos.
Vale divulgará resultado trimestral do 2T23 em 20 dias
A Vale comunicou ao mercado que divulgará seu resultado trimestral referente ao segundo trimestre deste ano (2T23) no dia 27 de julho, daqui 20 dias.
Já o relatório de produção e vendas da Vale será divulgado pouco antes disso, no dia 18 de julho.
No dia 28, a Vale realizará sua teleconferência de resultados com investidores e analistas, iniciando às 11h (horário de Brasília).
No seu último balanço trimestral, a Vale reportou lucro líquido atribuível aos acionistas de US$ 1,837 bilhão no primeiro trimestre deste ano (1T23), queda de 58,8% sobre igual período de 2022, quando obteve US$ 4,458 bilhões.
Não foi apenas o lucro da mineradora que caiu. O Ebtida ajustado da Vale (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) marcou US$ 3,576 bilhões, recuo de 43,5% em relação aos US$ 6,214 bilhões obtidos no mesmo intervalo de 2022.
Venda de fatia bilionária da Vale deve sair até setembro
A venda da unidade de metais básicos da mineradora, que teve intenções divulgadas ainda em outubro de 2022, deve ocorrer até o fim de setembro deste ano.
A expectativa é de que a compra da fatia da Vale seja feita pelo Fundo de Investimento Público (PIF), da Arábia Saudita, que deve desembolsar US$ 2,5 bilhões por 10% do negócio.
Além disso, a General Motors segue interessada, assim como a japonesa Mitsui, o fundo QPP do Canadá e o QIA, do Qatar.
Apesar disso, a Vale não fala diretamente sobre nenhum dos nomes, se limitando a reafirmar que “está buscando ativamente parceria para o seu negócio de Metais para Transição Energética”.
A mineradora se pronunciou recentemente logo após a divulgação de notícias com rumores acerca de uma venda bilionária da fatia.
A mineradora se pronunciou dizendo que “não pode confirmar ainda o valor de um eventual investimento nem as partes envolvidas”.
Há meses, a companhia tem feito esforços envolvendo a unidade e, em meados de maio, a empresa confirmou que estava em busca de um parceiro estratégico.
Dentro da governança, ainda em abril a empresa nomeou Emily Olson como a líder da Diretoria de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos do negócio de Metais de Transição Energética.
No ano passado a empresa também chegou a contratar consultores para avaliar o negócio e, posteriormente, buscar um sócio estratégico no negócio de cobre e níquel – conhecidos como ‘metais verdes’ pela relevância na transição energética.
“Isto faz parte de uma série de ações estratégicas tomadas ao longo dos últimos 18 meses visando posicionar a Vale Metais Básicos para acelerar seus planos de crescimento no Brasil, Canadá e Indonésia, entregando os minerais críticos extremamente necessários à transição energética”, diz a Vale, em nota.