Em relatório, o BTG Pactual (BPAC11) fez algumas projeções para a Vale (VALE3) em um cenário em que os preços do minério de ferro se mantêm próximos de US$ 100 por tonelada, em vez de US$ 120-140/tonelada.
Segundo o banco, o preço do minério de ferro tem apresentado muito mais volatilidade do que o previsto há algumas semanas, quando a casa rebaixou a recomendação para as ações da Vale.
A casa acredita que os indicadores-chave de desempenho (KPI, na sigla em inglês) do minério de ferro têm apresentado “tendências na direção errada”, incluindo:
- Forte acúmulo de estoques de minério de ferro nos portos chineses, atingindo 141 milhões de toneladas (Mt), +26Mt no acumulado do ano;
- Os mercados imobiliários chineses continuam a deteriorar-se a partir de uma base muito baixa (o índice de novas construções cai -29,7% a/a);
- Os preços do vergalhão chinês caíram 7% no acumulado do ano, para US$ 520/t;
- Correção dos spreads do metal chinês e retorno ao vermelho (-US$46/t para vergalhão);
- As exportações chinesas de aço atingiram perto de 16Mt em janeiro/fevereiro, +32,6% a/a, apontando para tendências deprimidas no consumo doméstico de aço.
“Até vermos uma estabilização/inflexão nesses dados (principalmente estatísticas imobiliárias), acreditamos que os preços do minério de ferro poderão permanecer pressionados”, escreve o BTG.
BTG Pactual vê Vale gerando US$ 15 bilhões em Ebitda em 2024
Assim, em um cenário em que os preços do minério de ferro se mantêm próximos de US$ 100 por tonelada, em vez de US$ 120-140/tonelada, o BTG vê a Vale (VALE3) gerando cerca de US$ 15 bilhões em Ebitda em 2024. “Isso implica um risco de queda relevante para as estimativas de consenso na ordem de 19%”, pontua.
Além disso, de acordo com as estimativas do banco, mesmo assumindo perto de US$ 1 bilhão em liberação de capital de giro, enxergam a empresa gerando um fluxo de caixa livre para o acionista (FCFE) de 7%.
Vale pagará dividendos com minério próximo a US$ 100? Veja projeção do BTG
Ainda diante deste cenário, o BTG avalia que o cenário base deveria considerar apenas pagamentos mínimos de dividendos da Vale.
“Acreditamos que a administração optaria prudentemente por executar uma política de dividendos e um balanço patrimonial mais conservadores. Calculamos o rendimento mínimo de dividendos de 6-7% em 2024”, ressalta.
Para a casa, a dívida líquida expandida em relação ao Ebitda oscilaria em torno de 1x neste ambiente, colocando a Vale acima de seus pares de mineração diversificados em 0-0,5x.
“Portanto, apesar de as ações terem corrigido quase 20% no acumulado do ano, os riscos de lucros aumentaram numa magnitude semelhante. Permanecemos neutros e vemos melhor valor em outras partes do nosso universo de cobertura”, encerra o BTG em relatório sobre a Vale.