A BHP anunciou nesta quinta-feira (15) que aumentará sua provisão para o rompimento da barragem da Samarco – joint venture entre a mineradora australiana e a Vale (VALE3) – em US$ 3,2 bilhões (depois de impostos) em seu relatório de resultados, que será publicado no próximo dia 20 de fevereiro.
Isso elevará o montante total das provisões para US$ 6,5 bilhões (a partir do ano 2023).
De acordo com a BHP, o valor servirá para cobrir os custos de resolução de todos os aspectos, tanto da reivindicação do Ministério Público Federal quanto das obrigações do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC).
O acordo abrange, portanto, não apenas os 42 programas ambientais e socioeconômicos que visam mitigar os impactos do rompimento da barragem, mas também os R$ 155 bilhões (US$ 32 bilhões) para reparação, indenização e danos morais que o Ministério Público pediu à BHP, Vale e Samarco.
Em relatório, o Itaú BBA acredita que as provisões extras provavelmente serão feitas pela Vale e que um montante de US$ 3,5 bilhões está dentro das expectativas.
Pelo cálculo dos analistas do banco, a Vale precisaria fazer um investimento adicional de US$ 3,5 a 3,6 bilhões em provisões para igualar os US$ 6,5 bilhões que a BHP reportará para o ano de 2023.
“Observamos que as potenciais provisões adicionais representam aproximadamente 6% do valor de mercado e, portanto, significativas do ponto de vista do valuation”.
O banco acredita que os investidores já estavam contabilizando as provisões adicionais da Vale, totalizando US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões, e por isso, não espera que o montante seja uma surpresa, embora existam questões importantes quanto ao valor final a ser desembolsado por cada empresa, como:
- Escopo e custo dos programas;
- Resultados potenciais de recursos e acordos;
- Capacidade da Samarco de financiar diretamente as obrigações: o Itaú BBA acredita que chegar a um acordo com o governo resolveria um overhang (excesso de ações no mercado que levam à pressão de preços) para a empresa, o que poderia ser lido como positivo para o médio prazo.
O Itaú BBA tem recomendação ‘outperform’, equivalente a compra, para as ações de Vale, com preço-alvo a US$ 18.
Vale (VALE3) está empenhada em recuperar a confiança dos investidores, diz BTG
Após conversas com a administração da Vale, analistas do BTG Pactual (BPAC11) pontuaram em relatório que a administração da companhia está confiante em relação às metas de produção e custos para 2024, além de muito empenhada em recuperar a confiança dos investidores.
Em relação a dividendos, a impressão do BTG é de que a administração da Vale deveria ser mais ‘prudente’ no planejamento do primeiro semestre de 2024, deixando dividendos extraordinários mais para o segundo semestre deste ano.
“Em suma, mantemos a nossa opinião de que as ações permanecem com grandes descontos, e dissociado dos fundamentos. Vemos ações sendo negociadas abaixo de 4 vezes o Ebitda de 2024, e ainda acreditamos que um rendimento de dividendos de aproximadamente 10% seja alcançável no ano”, ressaltam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.
Sobre a oferta de minério de ferro, o BTG observa que a Vale não vê grandes adições de capacidade impactando os mercados em 2024. Já no lado da procura, o banco pontua que a produção de aço bruto na China deverá permanecer estável, mas os níveis de estabilidade em toda a cadeia siderúrgica deverão continuar pressionados.
O BTG tem recomendação de ‘compra’ para as ações de Vale, com preço-alvo a R$ 19,00.
Desempenho das ações de Vale
Cotação VALE3