O Citibank reiterou recomendação de compra para as ações da Vale (VALE3), com preço-alvo de US$ 18,50, apesar dos ruídos envolvendo a nova escolha do presidente da companhia. Segundo o banco, o guidance de produção da Vale é realista, mas a empresa pode superá-lo.
Em 2024, as projeções para o minério de ferro estão em uma faixa de 310 a 320 milhões de toneladas métricas.
Segundo a mineradora, para pelotas e briquetes, o volume esperado para este ano é de 37 Mt. Já no próximo ano, o número sobe para até 42 Mt e para até 55 Mt em 2026.
Ainda de acordo com a empresa, a produção de níquel da Vale deve atingir 165 mil toneladas (kt) em 2023, 160 a 175 kt em 2024 e 210 a 230 kt em 2026.
Outro fator positivo, diz o Citibank, é que os preços do níquel estão próximos do nível mais baixo, indicando um momento de retomada no valor. A mineradora perdeu entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões no Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) devido à queda dos preços dessa commodity em 2023.
Além disso, os analistas expressam preocupação com a sucessão do atual presidente da empresa, as concessões ferroviárias pendentes e as negociações envolvendo a Samarco.
Os estrategistas esperam que as questões relacionadas à sucessão e às concessões sejam resolvidas favoravelmente nos próximos dois a três meses, com a sucessão favorecendo o mercado e as concessões seguindo um acordo semelhante ao MRS.
“A Samarco demorará mais, mas esperamos que seja resolvido no segundo semestre”, afirmam”, dizem os analistas do Citibank.
O desempenho dos papéis da Vale no ano tem sido fraco devido à queda do minério de ferro, resultando em uma baixa de 15%. No entanto, o valuation da ação é considerado adequado, com um rendimento esperado de fluxo de caixa livre de 11% para 2024, com o preço do minério de ferro a US$ 120 por tonelada.
Na tarde desta segunda-feira (04), as ações da Vale têm queda de 0,30%, cotadas em R$ 66,68.
Vale: como está a sucessão no comando da empresa?
O mandato do presidente da Vale (VALE3), Eduardo Bartolomeo, se aproxima do seu fim, e sua sucessão permanece indefinida. A ingerência do governo federal sobre quem deve assumir a mineradora gerou uma divisão entre os acionistas da companhia. A última reunião do conselho de administração da companhia para discutir o tema foi inconclusiva.
Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tentou emplacar o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega na companhia, voltou a falar sobre a empresa. Na última terça-feira, 27, Lula disse que a empresa Vale “não pode pensar que é dona do Brasil” e que “as empresas brasileiras precisam estar de acordo com o entendimento de desenvolvimento do governo brasileiro”.
Como é o processo de escolha do presidente da Vale?
No início de fevereiro, a Vale esclareceu que seu Estatuto Social define que a escolha do Presidente da companhia é de competência exclusiva do Conselho de Administração, formado por 13 conselheiros. O Conselho está avaliando a eventual renovação do mandato do atual presidente, Bartolomeo, ou a realização de processo sucessório.
O comunicado foi uma resposta a questionamentos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre notícias publicadas na imprensa sobre a situação. De acordo com a mineradora, o processo está “em conformidade com as legislações aplicáveis e com as melhores práticas de governança corporativa, presentes no Estatuto Social da Companhia”.
O Conselho de Administração da Vale conta com o apoio do Comitê de Pessoas e Remuneração. Segundo a mineradora, a decisão sobre a renovação do mandato ou a escolha de sucessor poderá ocorrer até o término previsto do mandato em vigor, ou seja, dia 26 de maio.
A última reunião do Conselho foi no dia 22 de fevereiro, sem conclusão sobre a sucessão. No momento não há nova reunião extraordinária marcada, segundo apuração do Broadcast/Estadão. Os conselheiros estão dedicados aos comitês de assessoramento, disse uma fonte, e as conversas estão ocorrendo nos bastidores.
Qual o panorama atual da sucessão?
O Conselho de Administração da Vale está dividido. Após algumas reuniões, ainda não houve decisão devido a um empate. Enquanto isso, o impasse começa a afetar os papéis da mineradora, que já recuaram cerca de 15% neste ano.
Se o colegiado decidir que Bartolomeo não deve ser reconduzido, deverá escolher um nome numa lista tríplice a ser apresentada por uma consultoria especializada.
Na quinta-feira retrasada, 22, seis conselheiros, de um total de 13, votaram pela troca do atual presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo. O grupo inclui os representantes da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, por meio do qual o governo exerce influência na empresa; da Bradespar, o braço de investimentos do Bradesco; o representante dos funcionários na companhia e minoritários brasileiros. Do outro lado, sócios estrangeiros da companhia e independentes querem evitar maior influência do governo na companhia. O representante da Cosan se absteve.
Desempenho anual das ações da Vale
Cotação VALE3