A mineradora Vale (VALE3) divulgou na noite desta o seu balanço corporativo relativo aos três primeiros meses de 2024 com um lucro líquido aos acionistas de US$ 1,679 bilhão — 9% menor do que o registrado no primeiro trimestre de 2023 e abaixo do consenso de mercado (de US$ 1,83 bi).
A queda no preço do minério de ferro no mercado internacional pressionou o resultado da Vale no primeiro trimestre de 2024.
A mudança no perfil de vendas da Vale também pesou no resultado, influenciado pela maior procura das siderúrgicas chinesas por um minério de baixa qualidade. Isso porque o minério de ferro é o carro-chefe das vendas da Vale, e a China responde sozinha por 62% das operações.
Segundo a companhia, o resultado foi impactado ainda pelo Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) — que sofreu com os menores preços praticados por finos de minério de ferro, níquel e cobre, apesar de parcialmente compensados pelo maior volume de vendas —, redução de valores não recuperáveis, Ebitda de empresas coligadas e joint ventures e tributação.
A queda foi apenas na margem de lucro da Vale. A receita se manteve estável, a US$ 8,459 bi, mas novamente frustrando o consenso dos analistas, de US$ 8,64 bi. Na comparação trimestral, quando a cifra anterior foi de US$ 13,054 bilhões, houve recuo de 35%.
O Ebitda ajustado foi de US$ 3,438 bilhões — recuo de 7% na comparação anual. A companhia alterou a metodologia anteriormente adotada para o cálculo ajustado e passou a incluir também o Ebitda de coligadas e joint ventures, além de excluir do cálculo resultados financeiros líquidos, depreciação, impostos e impairments. As mudanças foram feitas nos trimestres anteriores para título de comparação e inclusas como proforma.
A dívida líquida da Vale registrou um aumento de 23% no comparativo com o mesmo período de 2023 — indo a US$ 10,105 bi. Despesas com vendas, gerais e administrativas subiram 9%, a US$ 5,8 bi. No trimestre, custos relacionados a Brumadinho tiveram queda de 63%.
O CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeo, destacou a melhora operacional e aumento de produção de alguns braços da companhia no release de resultados — como a maior produção de minério de ferro para um primeiro trimestre desde 2019 e o aumento na produção e volumes de vendas de cobre.
“Nós também estamos tendo progresso nos nossos projetos de crescimento, que ajudarão a melhorar a qualidade e flexibilidade do nosso portfólio de produtos”, afirmou o CEO.
Além de lucro mais fraco, o primeiro trimestre trouxe uma série de reveses à Vale, que se combinaram com a queda no preço do minério para levar à desvalorização de 15% nas ações da companhia. O período foi marcado por um tumultuado processo de sucessão na liderança da empresa, no qual o presidente Lula teria tentado interferir, segundo fontes.
Cotação VALE3
Em relação ao desempenho operacional, a mineradora teve um trimestre melhor do que as expectativas de analistas. De janeiro a março, a companhia produziu 70,8 milhões de toneladas de minério, volume 6% maior que no ano passado.
As vendas ficaram acima do nível verificado no ano passado, quando as atividades no porto foram prejudicadas pelas chuvas sazonais. Os embarques de finos de minério de ferro alcançaram 52,5 milhões de toneladas e os de pelotas, 9,2 milhões de toneladas.
Vale: alteração de projeções
A companhia também aproveitou para atualizar as suas estimativas de desembolsos relacionados aos seus compromissos com Brumadinho e Mariana. Em 2024, o total deve ser de US$ 2,9 bi. Em 2025, US$ 2,7, seguido de gastos de US$ 2,4 bi e US$ 2,1 bi em 2026 e 2027, respectivamente.
Segundo a companhia, já foram desembolsados cerca de R$ 36 milhões em reparações — 69% dos compromissos acordados, com 85% dos casos de reassentamento concluídos
Os primeiros três meses do ano também foram marcados pelo acordo para aquisição da fatia de 45% da Cemig (CMIG4) na Aliança Geração de Energia, por R$ 2,7 bilhões, pela Vale.
Com Estadão Conteúdo
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