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Moody’s eleva perspectiva da Vale (VALE3), mas cita pressão do risco Brasil e dívidas com Brumadinho e Samarco

Vale (VALE3). Foto: iStock.

Vale (VALE3). Foto: iStock.

A agência de avaliação de risco de crédito Moody’s atualizou sua avaliação sobre a Vale (VALE3), de perspectiva “estável” para “positiva”, reforçando a posição da empresa como “Baa3”.

A classificação para as dívidas sênior da Vale, Vale Overseas Limited e Vale Canada também moveram para o espectro mais otimista da Moody’s.

Nesta quarta-feira (1º), durante o feriado, a agência de risco também alterou para “positiva” a perspectiva sobre o rating do Brasil, mantido em “Ba2”.

Essa foi a primeira atualização da Moody’s no Brasil desde 2018 e ainda não coloca o país no nível atraente de “grau de investimento”. Para esta “garantia de bom pagador”, a avaliação passa a valer a partir do nível que está a VALE3, de “Baa3”.

Moody’s sobre a Vale (VALE3)

Segundo o relatório da Moody’s, divulgado nesta quinta-feira (2), a Vale S.A. mantém sua classificação duas notas acima do Governo do Brasil.

Isso é apoiado pelo “forte perfil de negócios da Vale” e a liderança na produção global de minério de ferro e níquel, com fluxo de caixa e lucratividade mostrando correlação mínima com as condições econômicas domésticas, diz a agência.

“A Vale é altamente improvável de entrar em default como consequência do estresse ou default de crédito soberano, já que sua grande dependência da China e de grandes países desenvolvidos oferece uma proteção razoável do ambiente macroeconômico e político do Brasil”, afirmam os analistas da Moody’s.

“Cerca de 90% das receitas da Vale são geradas fora do Brasil”, diz a Moody’s.

A agência enxerga que a mineradora consegue se destacar no mercado apesar do cenário intrincado do Brasil, visto que sua receita está vinculada também com o comércio exterior e pela liderança em seu setor.

Entretanto, a preponderância dos ativos fixos no Brasil (69%), a maioria dos quais se concentra em minério de ferro, acaba gerando uma restrição à elevação da classificação de crédito soberano, em razão do rating do Governo brasileiro.

Por isso, a atualização da classificação da Vale na Moody’s acontece com a expectativa de que a companhia conseguirá manter o perfil de negócios e métricas de crédito compatível com a sua classificação, ao mesmo tempo que incorpora que não haverá aumento significativo em desembolsos de caixa relacionados aos desastre ocorridos em Brumadinho ou pela Samarco que possam afetar a liquidez ou alavancagem da empresa.

Positivo X Negativo: como a mineradora pode mudar de rating

A Moody’s ainda aponta que o rating da Vale poderia melhorar, caso o cenário econômico no país conseguisse elevar a nota brasileira ou se a empresa apresentasse um controle de risco aprimorado e supervisão de governança.

Além disso, a relação dívida líquida ajustada/EBITDA da Vale teria que permanecer abaixo de 2x e o EBIT/despesas com juros acima de 5,5x de forma sustentável.

Já o rebaixamento da Vale poderia ocorrer caso os custos finais relacionados aos desastres em Brumadinho ou os desembolsos relacionados à Samarco fossem significativamente superiores aos valores já provisionados ou se as operações não se recuperarem completamente dentro do prazo esperado, afetando os custos em dinheiro e a geração de fluxo de caixa livre.

Além disso, as classificações ou perspectivas poderiam sofrer pressão negativa se as condições para minério de ferro e metais básicos se deteriorassem, levando a uma menor lucratividade, assim como um rebaixamento na classificação soberana do Brasil (Governo do Brasil, Ba2 positivo) poderia pressionar as classificações da Vale.

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