A Vale (VALE3) apresentou nesta terça-feira (17) a Agera, empresa criada para desenvolver e ampliar seu negócio de areia sustentável. Com sede em Nova Lima (MG), a Agera recebe a areia produzida a partir do tratamento dos rejeitos gerados pelas operações de minério de ferro da Vale no estado e promove sua comercialização e distribuição.
O negócio de areia sustentável começou a ser produzido pela mineradora em 2021 após sete anos de pesquisa, como substituta da areia extraída do meio ambiente. Desde então, já foram destinados ao setor de construção civil e a projetos de pavimentação rodoviária cerca de 900 mil toneladas do produto.
A expectativa, segundo a Vale, é de comercializar 1 milhão de toneladas este ano e 2,1 milhões em 2024.
“Criamos a Agera com o objetivo de escalar um negócio que está nos ajudando a reduzir o uso de barragens e pilhas em Minas Gerais, além de contribuir para substituir a areia natural, que muitas vezes é extraída de forma predatória do leito dos rios. A criação da Agera está fortemente ligada à nossa estratégia de promover a mineração circular, o que significa fortalecer na mineração os conceitos da economia circular, de associar o desenvolvimento econômico a um melhor aproveitamento dos recursos naturais”, explicou Fabiano Carvalho Filho, diretor de Negócios da Vale.
Perspectivas para a Agera
Estabelecida há cerca de um ano com o nome provisório de Co-Log, a Agera projeta para 2023 uma receita anual em vendas de R$ 18 milhões. Hoje, ela conta com sete pontos de atendimento ao cliente e estoque de material em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Para a logística do material, a empresa mantém contrato com sete transportadoras rodoviárias e três fornecedores de frete ferroviário. A empresa atende atualmente mais de 80 unidades fabris de sete segmentos (concreteiras, pré-moldados, argamassa, artefatos, cimenteiras, tintas texturizadas e pavimentos) e está investindo em pesquisa para expandir sua atuação em outras aplicações, como cerâmica vermelha.
“Estamos estruturados para acelerar o desenvolvimento de produtos e materiais sustentáveis, atendendo às especificidades que o mercado exige. Além disso, nossas soluções logísticas permitem uma eficiência de ponta a ponta para garantir a agilidade no fornecimento da areia sustentável”, destacou Fábio Cerqueira, CEO da Agera.
Como é feita a areia sustentável?
O processamento a úmido do minério de ferro, que é utilizado atualmente em menos de 30% da produção da Vale, gera rejeitos, que podem ser dispostos em barragens ou em pilhas. Esses rejeitos são compostos basicamente de sílica, o principal componente da areia, e óxidos de ferro. É um material não tóxico, que em seu processamento é submetido apenas a processos físicos.
A Vale investe desde 2014 em pesquisas para encontrar soluções para o reaproveitamento da areia proveniente do processamento do minério de ferro com o objetivo de reduzir a geração de rejeitos. Em 2021, iniciou a comercialização da areia sustentável, produto destinado para a construção civil com origem 100% legal, alto teor de sílica e baixo teor de ferro, além de alta uniformidade química e granulométrica.
Desde 2021, a areia é produzida na mina de Brucutu, em São Gonçalo do Rio Abaixo. No ano passado, a empresa começou a produzir em pequena escala na mina de Viga, em Congonhas, e nos próximos meses pretende iniciar a produção na mina de Cauê, em Itabira.
Vale terá queda no volume de produção, mas vai aumentar vendas, dizem analistas sobre o 3T23
Em estimativa para os relatório de produção e vendas da Vale, especialistas da Genial Investimentos destacaram que esperam uma alta nas vendas, contudo estimam queda no volume de produção da mineradora.
A Vale irá divulgar seu relatório de produção e vendas do terceiro trimestre de 2023 nesta terça-feira (17), após o fechamento do mercado.
“Acreditamos que será um trimestre com um aumento sequencial de duplo dígito na produção, diante do ramp-up guiado pelo efeito sazonal. Porém, como a base do 3T22 é difícil ser superada pela maior disponibilidade de Run Of Mine (ROM), acreditamos em recuo leve no comparativo anual para a produção. Já as vendas devem apresentar uma melhora substancial no comparativo trimestral e uma alta low single digit na base anual”, diz a casa.
Atualmente a recomendação da Genial é de compra para VALE3, com preço-alvo de R$ 83. Atualmente as ações da Vale são negociadas a cerca de R$ 67, conforme o fechamento desta segunda (16).
“É importante ter em mente que os 3Ts são tipicamente os trimestres mais favoráveis para a produção da Vale, considerando que durante os 2Ts ainda persiste a estação chuvosa em Carajás (PA), o que costuma oferecer uma barreira para aumento de volume, enquanto em Minas Gerais (MG), as chuvas acabam se concentrando principalmente nos 1Ts”, explica a Genial.
Os analistas chamam atenção para o fato de que o gap entre produção e vendas de minério de ferro normalmente aumenta nos 3Ts, com uma média histórica de 26% nos últimos 5 anos.
“Entretanto, a nossa projeção é de que seja menor do que os níveis históricos agora no 3T23, uma vez que acreditamos que as condições favoráveis do mercado levaram a um movimento um pouco mais intenso das vendas de estoque excedente formado no 1T23”.
Genial espera US$ 5,5 bilhões de Ebitda
Além disso, especialistas reiteram que o aumento ligeiramente anormal das vendas impulsionará a receita e deve trazer uma maior diluição nos custos fixos, auxiliando a Companhia a baixar o C1/t de maneira mais significativa.
Já no caso da receita, a Genial aponta que a projeção de uma receita crescente com um custo mais diluído levam a estimativa atual de Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) para 3T23 ficar em US$ 5,5 bilhões.
“A produção de minério de ferro deve cair marginalmente a/a com normalização de ROM. Acreditamos que o 3T23 deixará a Vale mais perto da banda superior do guidance de 310-320Mt”, conclui a Genial.
Especialistas ainda acrescentam que esperam que a Barragem de Torto impulsione a produção de pelotas da Vale apenas do 4T23 em diante.