Na última sexta-feira (18), a Vale (VALE3) informou que está considerando os termos finais do acordo sobre o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, e que a discussão gira em torno dos R$ 170 bilhões. Após o anúncio, diversas casas de análise projetaram o impacto nas ações da empresa.
O Itaú BBA vê a notícia como positiva e a descreve como uma vitória para o governo, a sociedade e a empresa.
“Para a Vale, as provisões adicionais necessárias (a serem feitas nos resultados do 3º trimestre de 2024) estão estimadas em US$ 956 milhões, o que é menor do que nossa estimativa (e do consenso) de US$ 2,5 bilhões”, destaca o relatório.
Além disso, os analistas enxergam com bons olhos o possível fim de uma das maiores pendências sobre a ação da Vale nos últimos anos. Isso, segundo a casa, permitirá que a nova gestão da empresa se concentre plenamente nas estratégias operacionais de curto e longo prazo.
Por outro lado, a casa chama a atenção para um possível reflexo no nível de pagamento de dividendos da Vale no curto prazo.
“Embora o prazo para os pagamentos em dinheiro de R$ 100 bilhões seja de 20 anos, acreditamos que os desembolsos possam ser um pouco mais concentrados nos primeiros 2-3 anos do acordo, o que provavelmente prejudicará a geração de fluxo de caixa livre (FCF) da Vale e limitará o pagamento de dividendos extraordinários no curto prazo”, afirma.
O BBA tem recomendação outperform (compra) para as ADRs da Vale negociadas em Nova York, com preço-alvo de US$ 13.
Já o Goldman Sachs destaca que, embora não haja uma posição definida sobre o resultado das negociações, as incertezas em torno do acordo final da Samarco são vistas como um dos principais riscos para a Vale.
Assim, um acordo definitivo permitiria que a empresa e os investidores se concentrassem em outros fatores que impactam os resultados, como a melhoria significativa no desempenho operacional, o que poderia levar a uma reavaliação positiva das ações da Vale (VALE3).
Do ponto de vista financeiro, diz a casa, a Vale espera adicionar US$1 bilhão à provisão atual de US$3,7 bilhões, um valor considerado gerenciável, já que a dívida líquida da empresa ainda ficaria abaixo da meta de US$10-20 bilhões.
Contudo, é observado que haverá um desembolso significativo de caixa nos primeiros anos, relacionado à indenização individual e à recuperação ambiental, estimando-se cerca de US$1,5 bilhão anualmente para a Vale, dado que a empresa se comprometeu a cumprir R$32 bilhões em obrigações de desempenho a curto prazo.
O Goldman Sachs recomenda compra para as ações VALE3, considerando que há espaço para uma recuperação no preço do ativo, após a recente subvalorização em comparação aos pares e aos preços do minério de ferro.
Já o BTG Pactual mantém uma visão mais conservadora sobre a empresa, afirmando que, apesar dos progressos, como a nomeação de um novo CEO e a melhora nas operações de minério de ferro, a companhia ainda enfrenta desafios, como a pressão sobre o fluxo de caixa e o cenário macroeconômico da China.
A casa mantém recomendação neutra para as ações da Vale, aguardando mais clareza sobre o ambiente macroeconômico e os desafios futuros. O preço-alvo é de US$ 12 para as ADRs.