Vale (VALE3): acordo por Mariana impacta endividamento?
Na última sexta-feira (25), Vale (VALE3), BHP e Samarco chegaram a um acordo final com as autoridades públicas brasileiras para uma reparação sobre o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), ocorrido em 2015.
Após a assinatura, a XP Investimentos emitiu um relatório detalhando os números, bem como os possíveis reflexos na dívida da Vale.
O acordo de reparação da Samarco totaliza aproximadamente R$ 170 bilhões. Esse valor está dividido em três componentes principais:
- R$ 38 bilhões já desembolsados em medidas de reparação e compensação.
- R$ 100 bilhões a serem pagos em parcelas ao longo de 20 anos, com ajuste pela inflação (IPCA). Esses pagamentos serão destinados ao governo federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios afetados, para financiar programas compensatórios e ações vinculadas a políticas públicas.
- R$ 32 bilhões em obrigações de desempenho, que incluem iniciativas para indenizações individuais, reassentamento e recuperação ambiental, com desembolsos concentrados entre 2024 e 2026 (cerca de 76% desse valor deverá ser pago até 2026, e o restante até 2039).
Cálculo da Provisão de Vale
A XP destaca que a provisão registrada pela Vale reflete o valor presente líquido (VPL) dos fluxos de caixa esperados para os pagamentos relacionados ao acordo. Segundo as projeções da Vale, a Samarco deverá contribuir totalmente para o acordo a partir de 2031, limitando a participação da mineradora aos pagamentos até 2030.
No total, diz a XP, a metade da Vale no valor presente do acordo é estimada em cerca de US$ 7,9 bilhões, mas sua provisão registrada é de US$ 4,7 bilhões (aproximadamente 60% do valor), com a Samarco contribuindo com os 40% restantes (US$ 3,3 bilhões).
Impactos no Endividamento e Fluxo de Caixa
Os analistas afirmam que embora os pagamentos previstos no acordo reduzam a geração de fluxo de caixa livre (FCF) da Vale no curto prazo, a empresa não espera impactos significativos no endividamento líquido ajustado, uma vez que o montante provisionado já considera as obrigações da Samarco. Dessa forma, os efeitos financeiros deverão ser semelhantes tanto no caixa quanto nas provisões.
A XP tem recomendação de compra para as ações da Vale (VALE3), com preço-alvo de R$ 82, potencial de alta de cerca de 33%.
Por volta das 10h45 desta segunda-feira (28), a Vale apresentava alta de 0,89% no Ibovespa, cotada a R$ 62,28.