O empresário Eduardo Brigagão não é do tipo que aproveitaria a aposentadoria apenas no conforto do lar. Depois de atuar como vice-presidente do Citibank e diretor-presidente (CEO) da Credicard, o executivo voltou ao batente após os 70 anos e optou por desenhar um negócio com impacto social. Foi assim que surgiu a Vale Saúde Sempre, uma “healthfintech”, que oferta de cartões pré-pagos voltados a exames e consultas de saúde.
“Me considero muito patriota e queria me dedicar ao País, que tem muito problema. Por isso, pensei em fazer um trabalho que tenha um impacto social positivo, de onde saiu a Vale Saúde Sempre”, disse Brigagão.
Completando dez anos de existência, a Vale Saúde Sempre faturou R$ 4 milhões no ano passado e possui uma rede de cerca de 500 mil beneficiados. Agora, em meio à pandemia do novo coronavírus (covid-19), a empresa busca ampliar a atuação B2C para ser uma alternativa entre a rede pública de saúde (SUS) e os planos de saúde particulares.
“Hoje muitas pessoas estão perdendo os planos. Vendo a qualidade do que nós ofertamos, podemos suprir essa necessidade. Os laboratórios e clínicas têm um preço baixo para os planos. Mas como nosso cartão é pré-pago, eles têm a garantia de receber e pagamos em uma semana. Pelo lado das clínicas, eles têm o interesse de receber nosso cliente que não tem plano, pois entendem que somos um braço para levar novos clientes”, afirmou o CEO.
A estrutura da Vale Saúde Sempre é, de certa forma, simples. O beneficiário ou a empresa contrata o cartão por R$ 29,90 por mês e tem acesso a preços mais baixos ou gratuitos em consultas médicas e exames, além de descontos em medicamentos, serviços de fisioterapia e psicologia, por exemplo.
“Na realidade, somos uma healthfintech. Somos uma empresa que é uma instituição de pagamento, mas damos acesso a saúde. Ela é uma administradora de cartões pré-pagos, exatamente o que era a Credicard na minha época”, relembra Brigagão.
“O setor de adquirência é que nós vamos nas clínicas para contratá-los, depois trazemos todos os dados para dentro de casa, sabemos qual exame, onde, etc. Então usamos essa tecnologia e fazemos o pagamento aos prestadores de serviço. Então todas essas áreas estão dentro de casa e ainda pagamos na semana seguinte”, disse.
Para colocar o projeto de pé, o executivo conta com um grande grupo de colaboradores, que se tornaram sócios na empreitada.
“Admitimos como sócios 83 investidores anjo. Eles são de dois grupos, 60 deles são ex-alunos de Harvard, executivos de primeira linha e grandes empresários, e mais 23 acionistas do grupo NEB, que aderiram”, disse.
De acordo com Brigagão, a empresa opera próxima do breakeven, mas ainda reinveste todo o capital sem ter a necessidade de retiradas.
“Trabalhamos sempre perto desse breakeven, reinvestimos todo o capital, ainda sem projetar quando vamos parar. Fomos os primeiros, mas achamos que a concorrência ainda vai continuar a crescer”, disse.
“Hoje a empresa não tem dívida, funciona com o capital que adquirimos e imaginamos sempre continuar dessa maneira”, completa.
O desafio da Vale Saúde Sempre agora é migrar ainda mais para o B2C, tentando reduzir o CAC, o custo de aquisição por cliente. “Vender por telefone é caríssimo. Estamos tentando agora fazer um programa mostrando a empresa, é um programa que está no começo e saber se o cliente virá através de mídia e marketing digital”, disse.
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