Dois documentos produzidos pela Vale (VALE3) mostram que a mineradora sabia das chances de rompimento em Brumadinho (MG) desde 2017.
Dois relatórios internos produzidos em 2017 e em 2018 indicam que a Vale sabia dos riscos de rompimento da barragem. O documento de novembro de 2017 afirma que naquele momento a barragem 1 da Mina do Córrego do Feijão tinha uma chance de colapso duas vezes maior do que o nível máximo de risco individual tolerável.
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O segundo documento, de outubro de 2018, confirma o alerta do de 2017 e afirma que a barragem estava em uma “zona de atenção”.
A informação foi publicada nesta terça-feira (12) pela agência de notícias Reuters.
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Entretanto, a Vale negou a existência de qualquer relatório que pudesse alertar sobre riscos em Brumadinho Em nota, a mineradora informou que não existe nenhum relatório, laudo ou estudo conhecido que alertem sobre a possibilidade de colapso iminente.
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A Vale também salientou como “a barragem possuía todos os certificados de estabilidade e seguranças nacionais e internacionais”. Na nota, a mineradora afirmou que a barragem “estava dentro do limite de risco”.
Governo abre investigação
Na última segunda-feira (11) o Ministério de Minas e Energia (MME) determinou a instauração de um processo administrativo sobre o caso. O MME quer coletar mais informações sobre o rompimento da barragem da Vale. A determinação foi publicada no “Diário Oficial da União”.
De acordo com o texto, o processo tem como objetivo “coletar todas as informações, dados, documentos, manifestações e decisões” no âmbito da Secretaria de Geologia e Mineração, referentes ao rompimento da barragem da Vale, em 25 de janeiro, em Brumadinho.
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O desastre de Brumadinho
A Barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão estourou no dia 25 de janeiro. A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.
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Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 165 pessoas morreram e 160 estão desaparecidas.
O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte.
A barragem rompida faz parte do complexo de Paraopeba. A mina é responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total da mineradora.
A Vale informou em nota o início de uma sindicância interna para apurar as causas do rompimento da barragem. “Os resultados preliminares foram compartilhados hoje com as autoridades federais e estaduais que estão acompanhando o caso”, informou a mineradora no documento.
Segundo desastre da Vale
Esse é o segundo desastre com barragem em que a Vale se envolve em três anos. Em 2015 ocorreu a tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem da Samarco. Naquele desastre morreram 19 pessoas e a lama destruiu centenas de casas e construções.
A Samarco é controlada pela Vale e pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton, cada uma com 50% das ações. As duas empresas produtoras de minério de ferro se tornaram alvo de ações na Justiça por conta do desastre. As pessoas afetadas ainda esperam por reparação.
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