Vale: MP-MG denuncia 16 pessoas por tragédia de Brumadinho
O Ministério Público de Minas Gerais anunciou que apresentará denúncias contra 16 indivíduos ligados a Vale (VALE3) e a TUV SUD, incluindo o ex-presidente da mineradora, nesta terça-feira (21), por conta da tragédia que aconteceu em Brumadinho, Minas Gerais, no início de 2019. Os promotores de Justiça acusam os indivíduos por homicídio doloso e crime ambiental.
Os promotores devem dar mais detalhes sobre o caso ainda nesta terça-feira, em entrevista coletiva. No sábado (24), a tragédia completará um ano. Em razão da tragédia, 270 pessoas foram mortas e ainda há operações em andamento para encontrar o que restou das últimas 11 vítimas.
Posicionamento da TÜV SUD
“A TÜV SÜD continua profundamente consternada pelo trágico colapso da barragem em Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019. Nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias. Um ano após o rompimento, suas causas ainda não foram esclarecidas de forma conclusiva. Como era esperado, as investigações levam um tempo considerável: muitos dados de diferentes fontes precisam ser compilados, apurados e analisados. Por esse motivo, as investigações oficiais continuam. A TÜV SÜD reitera seu compromisso em ver os fatos sobre o rompimento da barragem esclarecidos. Por isso, continuamos oferecendo nossa cooperação às autoridades e instituições no Brasil e na Alemanha no contexto das investigações em andamento. Enquanto os processos legais e oficiais ainda estiverem em curso, e até que se apurem as reais causas do acidente de forma conclusiva, a TÜV SÜD não poderá fornecer mais informações sobre o caso.”
Vale e TÜV SÜD na mira da PF
A Polícia Federal indiciou, em setembro de 2019, sete funcionários da Vale e outros seis da TÜV SÜD pelo crime de falsidade ideológica como conclusão do primeiro inquérito policial, em que acusa as companhias por terem trabalhado com documentos falsificados e atestando a estabilidade da barragem.
A promotora ainda afirmou, em entrevista à Reuters, que havia ali um conflito de interesses entre TÜV SÜD e Vale, “porque a TÜV SÜD tinha contratos importantes com a Vale para outras atividades, para descomissionamento de barragens, projetos, isso escancarou as falhas do sistema de fiscalização”.
Das 270 pessoas mortas na tragédia, 11 pessoas continuam desaparecidas, segundo os últimos dados publicados pela Defesa Civil. O desastre também atingiu a mata, comunidades e os rios da região.
A Vale foi procurada pela “Reuters” e afirmou que um painel de especialistas contratado pela assessoria jurídica externa da empresa concluiu em dezembro que o rompimento “ocorreu de forma abrupta e sem sinais prévios aparentes, que pudessem ser detectados pelos instrumentos de monitoramento geotécnico usualmente empregados pela indústria da mineração mundial”.
Além disso, pontuou que a contratação de uma empresa de auditoria de renome global, como a TÜV SÜD, “sempre teve por premissa que os auditores dessa empresa tivessem responsabilidade técnica, independência e autonomia na prestação de seus serviços”, e disse que continuará contribuindo com as investigações.
O SUNO Notícias procurou a Vale para um posicionamento da empresa, mas ainda não obteve respostas.