Vale faz oferta de recompra de debêntures de até US$ 1 bilhão
A mineradora Vale (VALE3) comunicou o mercado, nesta quinta-feira (12), que irá fazer uma oferta para aquisição (OPA) de até US$ 1 bilhão em valor total de debêntures, que irão vencer nos anos de:
- 2022;
- 2026;
- 2032;
- 2034;
- 2036;
- 2039.
A empresa divulgou, por meio de um comunicado, o cronograma indicativo que estima uma data para aquisição antecipada no dia 25 de setembro e a indicação do preço em 26 de setembro.
A liquidação antecipada deve ser no dia 30 de setembro e o fim das ofertas devem acontecer no dia 9 de outubro. A liquidação final ficou para o dia 11 de outubro.
O analista Alberto Amparo, da Suno Research, explicou o que pode ter levado a Vale a tomar essa decisão. “Os bonds estão atrelados a taxa de juros, então a Vale pode estar antecipando uma queda na taxa Selic. Se a empresa já tem bonds emitidos com base em uma taxa de juros elevada, ela pode estar querendo recomprar esse bonds, para, quando a taxa cair, ela emitir novamente, mas pagando menos”, analisou Amparo.
Entretanto, Amparo salientou que as movimentações da Vale podem ter outros motivos. “A empresa também pode estar gerando bastante capital, e assim não precisa do dinheiro de terceiros”, exemplificou o analista, destacando que este não é, necessariamente, o caso da mineradora.
A mineradora contará com os bancos Bradesco BBI, Itaú BBA, JPMorgan, Santander e Scotia Capital para coordenarem a operação. O D.F King será o responsável por agenciar a oferta.
Vale e BSGR disputam indenização em Londres
Em um tribunal de Londres, a Vale tenta vencer a BSGR, um grupo minerador controlado pela BSG Investmentes Limited, por conta de uma indenização de US$ 1,25 bilhão. A mineradora controlada pela família do israelense Beny Steinmetz foi condenada a pagar o montante em abril deste ano.
O valor deveria ser pago por conta de um crime de falsidade ideológica praticado pela empresa estrangeira em um acordo com a Vale para explorar minério em Guiné. De acordo com informações do “Valor Econômico”, o grupo minerador já deveria ter pago a Vale US$ 500 milhões para poder continuar contestando o caso sem sofrer punições.
A BSGR está sob administração judicial desde o ano passado e alega que não foi tratada como deveria pelo Tribunal de Arbitragem Internacional de Londres (LCIA).
A Vale afirma que o valor de indenização a ser pago pela BSGR chega aos US$ 2 bilhões. A empresa brasileira conta, neste valor, os juros e custas.
A empresa brasileira busca conseguir o dinheiro pago antecipadamente na participação de 51 % dos ativos da BSGR na Guiné. O israelense Beny Steinmetz, que controla a mineradora estrangeira, foi acusado nas últimas semanas de subornar um ex-líder da Guiné para conseguir acesso a mineração lucrativa. O magnata, no entanto, nega as acusações.
O “Financial Times” teve acesso aos documentos do processo das empresas. A Vale afirma que a BSGR usou diversas táticas para “frustrar e impedir a Vale de recuperar a compensação”. Além disso, a empresa brasileira diz que a BSGR quer “manter os frutos de seu esquema de fraudes”.