O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu nesta semana as estimativas de crescimento econômico da China para 2024. O cenário de incertezas tem refletido na cotação do minério de ferro e provocado oscilações em ações de mineradoras e siderúrgicas da bolsa brasileira, como a Vale (VALE3), podendo refletir até mesmo nos dividendos das companhias.
No mês passado, o país asiático anunciou um pacote de estímulos econômicos com o intuito de aumentar a confiança dos consumidores e aliviar as pressões inflacionárias. Na ocasião, as ações da Vale dispararam 6% em uma única sessão. No entanto, desde então, os papéis da mineradora estão andando de lado, impulsionados negativamente pela queda da cotação do minério de ferro no exterior.
As preocupações com a demanda por minério de ferro na China estão no radar dos investidores, que aguardam atentamente o balanço de resultados da companhia, que será divulgado após o fechamento do pregão desta quinta-feira (24).
“A pressão inflacionária, e o desaquecimento do mercado imobiliário da China, acabam afetando as mineradoras brasileiras, pois conversam diretamente com a demanda por minério de ferro, se os chineses compram mais ferro, as mineradoras vendem mais, e os preços também sobem, mas o contrário também é verdadeiro”, explica Idean Alves, planejador financeiro e especialista em mercado de capitais.
Dividendos da Vale (VALE3) vão diminuir?
A Vale possui um dividend yield de 12% nos últimos 12 meses, com base na cotação de fechamento e no valor bruto dos proventos com data-com entre esta quinta-feira (24) e o mesmo período do ano anterior. No entanto, de acordo com Anderson Santos, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital, as incertezas com a economia chinesa podem refletir negativamente nos dividendos da companhia no futuro.
“Há um risco real de que uma demanda fraca e prolongada por minério de ferro na China leve a uma redução nos dividendos da Vale. A alta distribuição de dividendos da empresa nos últimos 12 meses foi suportada por preços elevados do minério de ferro, que geraram um fluxo de caixa robusto. No entanto, a política de dividendos da Vale está diretamente vinculada à sua capacidade de gerar caixa a partir das vendas de minério de ferro”, explica ele.
De acordo com o especialista, a queda dos preços da commodity pode fazer com que a receita da companhia diminua, o que forçará a mineradora a priorizar reinvestimentos e a manutenção da saúde financeira em vez da distribuição de proventos aos acionistas.
Por outro lado, segundo Alves, a boa gestão da companhia e a margem operacional atrativa podem fazer com que a redução dos proventos ocorra somente em um cenário bastante adverso, com uma possível intensificação das preocupações existentes no momento.
“No estágio que a Vale está, maior demanda e preço elevado do preço do minério de ferro acaba se tornando um bônus, que premia toda a gestão dos últimos anos, e que se transformou em uma grande vantagem competitiva, a qual precisaria de um cenário bem adverso para ser vencida e prejudicar o resultado operacional da empresa”, avalia o planejador financeiro.
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