Talude da mina da Vale de Gongo Soco em Barão de Cocais se deslocou em dois metros desde o fim de 2018, de acordo com a Agência Nacional de Mineração (ANM) na última quinta-feira (30).
Neste mês, a Vale assinalou alerta máximo na Cava de Gongo Soco dizendo que a estrutura da mina podia se romper entre os dias 19 e 25 de maio. No entanto, o talude se manteve envolvendo o minério e passou da estimativa da empresa. Agora, a estrutura pode se romper a qualquer momento.
De acordo com a ANM, o talude norte da mina se movimentava cerca de 10 centímetros por ano. No entanto, no final de abril a estrutura passou a se movimentar 5 cm por dia e foi aumentando no decorrer dos dias passando a se movimentar 15,5 cm por dia.
No último sábado (25), o talude chegou a se deslocar 19 cm e na última quinta-feira (30), o deslocamento máximo registrado foi de 29,1 cm.
Desastre em caso de rompimento
O talude fica acima da estrutura da cava de mineração da mina de Gongo Soco, que está cheia de água, e fica a apenas 1,5 quilômetros de distância da barragem Superior Sul, onde ficam os rejeitos de minério.
Dessa forma, a preocupação é de que ocorra um rompimento em cadeia e que o desabamento do talude norte gere o rompimento da barragem Sul Superior, o que poderia atingir o município de Barão de Cocais. Além disso, caso a água da cava da mina transborde pode atingir rios próximos, o que também poderia gerar uma tragédia.
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No entanto, segundo a Vale, a cava e a barragem são monitoradas 24 horas por dia. Contudo, os novos estudos feitos apontam que a tendência é de que parte do talude deslize para dentro da cava, o que diminuiria os impactos na barragem Sul Superior.
Evacuação
Em 22 de março, a barragem atingiu o nível 3, alerta máximo de risco de rompimento.
Seguindo a determinação da ANM, a Mina de Gongo Soco está interditada. Já a Barragem Sul Superior, não opera desde 8 de fevereiro com o alerta de risco chegou ao nível 2.
Além disso, a Vale evacuou a zona de autossalvamento, que são as áreas que seriam atingidas em menos de 30 minutos em caso de rompimento, ou então áreas situadas a menos de 10 quilômetros da mina.
De acordo com a Vale, “para garantir a segurança de todos, moradores e trabalhadores, a empresa não irá fazer obras na cava, para evitar ter pessoas no local. Já as obras de contenção continuam. A maior das obras é a construção de uma espécie de bacia que, no caso extremo de rompimento da barragem, ajudaria a reter parte dos rejeitos de minério. Além disso, estão sendo colocadas telas e blocos de granito para diminuir a velocidade do rejeito”.