A Vale (VALE3) informou nesta sexta-feira (10) que poderá demorar até três anos para voltar a atingir o recorde de produção de minério de ferro previsto para 2019. A empresa está mudando sua agenda para reforçar a segurança de suas instalações, em resposta ao desastre de Brumadinho (MG).
A Vale prevê atingir o ritmo de produção de minério de ferro planejado para 2019 até 2023. A mineradora esperava produzir 400 milhões de toneladas por ano.
Saiba mais: Dívida líquida da Vale aumentou 24,67% no primeiro trimestre
O novo presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, explicou que as três palavras que definirão as prioridades da companhia serão “segurança, pessoas e reparação”. Em sua primeira fala pública após ser confirmado como diretor-presidente da mineradora, Bartolomeo pediu desculpas pelo rompimento da barragem em Minas Gerais.
Saiba mais: Brumadinho: familiares de vítimas pedem R$ 40 milhões à Vale
“Não poupamos nem pouparemos recursos e esforços para reparar de forma célere e justa os danos que causamos àquelas famílias, à infraestrutura das comunidades e ao meio ambiente”, afirmou Bartolomeo em teleconferência com analistas de mercado. Ele comentou os resultados da empresa no primeiro trimestre. A Vale registrou um prejuízo no primeiro trimestre de R$ 6,4 bilhões, principalmente pelos efeitos da tragédia de Brumadinho.
Segundo o executivo, sua gestão terá como compromisso “firmar um novo pacto com a sociedade”, atuando como vetor de desenvolvimento econômico para as comunidades, “indo além do mero pagamento de impostos e de ações compensatórias, estabelecendo parcerias e alianças para um desenvolvimento territorial sustentável”.
Impacto bilionário de Brumadinho
Segundo a Vale, o impacto financeiro da ruptura da barragem chegou a cerca de R$ 19 bilhões. Esse valor é provisório e ainda não inclui custos para descomissionamento de barragem de controladas e coligadas e eventuais indenizações por danos ambientais e de interesses coletivos.
O presidente da maior produtora global de minério de ferro também se comprometeu com a continuidade de estratégias estabelecidas pela gestão anterior. Entre elas:
- reposicionamento no setor de metais básicos;
- forte disciplina de alocação de capital;
- maximização da melhora da qualidade no minério de ferro;
Saiba mais: Vale associa sua queda operacional ao desastre em Brumadinho
Produção em atraso após Brumadinho
“Nós não temos pressa, estamos trabalhando em conjunto com o Ministério Público e as autoridades, nosso objetivo é comum, é assegurar que só haverá qualquer tipo de retomada uma vez que haja segurança absoluta”, declarou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores, Luciano Siani, “Se vocês me perguntarem, quando a Vale espera atingir novamente uma produção próxima a 400 milhões de toneladas, eu diria que o horizonte aqui é entre dois e três anos”.
Após o desastre de Brumadinho, cerca de 90 milhões de toneladas por ano de capacidade produtiva foram paralisadas. Entre as minas paralisadas está a de Brucutu, maior produtora da Vale em Minas Gerais. A mina poderia produzir mais de 30 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.
Saiba mais: Vale associa sua queda operacional ao desastre em Brumadinho
O executivo explicou que atualmente Brucutu está produzindo com beneficiamento a seco, que dispensa o uso de barragens. Entretanto, o ritmo de produção é de “pouco menos” de 10 milhões de toneladas por ano. Para retomar totalmente a operação, com a utilização da produção a úmido, a empresa precisa de uma liberação judicial, que poderia ser obtido em breve.
Entretanto, há outras minas bloqueadas por decisões judiciais, como a de:
- Alegria
- Vargem Grande
- Timbopeba
Siani explicou que prevê obter uma liberação para operar a seco em cerca de 6 meses a 12 meses, recuperando então outros cerca de 30 milhões de toneladas. Entretanto, a retomada dos 30 milhões de toneladas restantes seria possível apenas com a operação a úmido. O executivo da Vale afirmou que isso poderá levar ainda de dois a três anos.
Notícias Relacionadas