A Justiça já bloqueou R$ 11 bilhões das contas da Vale. Um valor que representa 45% do total da caixa da mineradora no final de setembro.
Segundo os balanços da Vale do terceiro trimestre, a disponibilidade de caixa era de R$ 24,4 bilhões. Além disso, a mineradora havia cerca de R$ 20 bilhões em linhas de crédito rotativo concedidos por bancos. Em setembro, a geração de caixa livre foi de US$ 3,1 bilhões.
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A Justiça de Minas Gerais bloqueou neste domingo (27) R$ 5 bilhões nas contas da Vale. o bloqueio foi realizado para garantir a eventual reparação dos danos às pessoas atingidas pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG).
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Além disso, No sábado (26), o Ministério Público de Minas Gerais já tinha conseguido bloquear R$ 5 bilhões. Um valor bloqueado sempre para a reparação de danos ambientais. No mesmo dia, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais tinha ordenado o bloqueio de R$ 1 bilhão.
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No total, R$ 11 bilhões foram bloqueados nas contas da Vale. Entretanto, todos esses bloqueios são decisões cautelares. Foram determinadas a pedido do governo e do MP de Minas Gerais. Além do bloqueio de valores, a última medida judicial determina também que a Vale assuma a responsabilidade da assistência às vítimas e seus parentes.
Em um comunicado, a Justiça informou que “em caso de inexistência do valor (estipulado), devem ser declarados indisponíveis bens como automóveis e imóveis”.
Além dos bloqueios de recursos, a Vale também recebeu uma multa do Ibama de R$ 250 milhões e outra do governo de Minas Gerais de R$ 99 milhões.
Passivo da Vale em aumento
Com esse bloqueio, o passivo da Vale aumentou significativamente. No fim de setembro, o passivo da mineradora incluía cerca de R$ 5,5 bilhões a pagar entre principal e juros de empréstimos até setembro de 2019. Além disso, a mineradora estava programando a recompra de ações de até US$ 1 bilhão. Uma operação anunciada no segundo trimestre de 2018.
A mineradora havia recomprado o equivalente a US$ 489 milhões, ou 48,9% do total, até o dia 20 de setembro de 2018. Segundo o presidente da Vale, Fabio Schvartsman, a compra seria o melhor investimento a ser feito com o caixa.
Desastre de Mariana também provoca perdas
No caso do desastre de Mariana, ocorrido em 2015, a Vale provisionou até setembro R$ 5,2 bilhões. Os recursos foram preparados para um pagamento em 12 anos. No total, R$ 3,7 bilhões foram reservados em 2016 e mais R$ 1,5 bilhões para 2018. Desse valor, R$ 1 bilhão já foi pago, e outros R$ 4,2 bilhões venceriam em setembro.
O desastre de Brumadinho
A Barragem 1 de rejeitos da mina de Córrego do Feijão estourou na última sexta-feira (25). A mina, localizada na área metropolitana de Belo Horizonte, é de propriedade da Vale.
Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 58 pessoas morreram e 305 estão desaparecidas. Por outro lado, foram resgatadas 192 pessoas. No total, estão trabalhando no local 226 bombeiros em buscas noturnas.
O acidente gerou uma avalanche de lama, que liberou em torno de 13 milhões de metros cúbicos (m³) de rejeitos. A lama destruiu parte do centro administrativo da empresa em Brumadinho, e arrastou casas e até uma ponte.
A barragem rompida faz parte do complexo de Paraopeba. A mina é responsável por 7,3 milhões de toneladas de minério de ferro do terceiro trimestre de 2018. O volume corresponde a 6,2% da produção total de minério de ferro da Vale.
Esse é o segundo desastre com barragem em que a Vale se envolve em três anos. Em 2015 ocorreu a tragédia de Mariana, com o rompimento da barragem da Samarco. Naquele desastre morreram 19 pessoas e a lama destruiu centenas de casas e construções.
A Samarco é controlada pela Vale e pela mineradora anglo-australiana BHP Billiton, cada uma com 50% das ações. As duas empresas se tornaram alvo de ações na Justiça por conta do desastre. As pessoas afetadas ainda esperam por reparação.