Vale (VALE3) fará “minério verde” com investimento de US$ 185 milhões
A Vale (VALE3) investirá um montante de US$ 185 milhões nos próximos dois anos para poder produzir um novo aglomerado de minério de ferro que deve reduzir em 10% a emissão de gases do efeito estufa na sua produção.
O material utilizado pela Vale é chamado de “briquete verde”. A mineradora quer iniciar a produção em três plantas em 2023, com capacidade de 7 milhões de toneladas por ano.
O aglomerado é feito de minério de ferro com uma solução tecnológica que inclui a areia do tratamento de rejeitos da mineração. O novo produto torna desnecessária uma das etapas da produção do aço, a chamada sinterização.
Nela, o fino de minério é unido a uma temperatura de 1.300ºC, com uso intensivo de combustíveis fósseis para gerar calor. Sem a etapa, a emissão de CO2 é reduzida.
Segundo a Vale, o produto reduz ainda a emissão de particulados e de gases como dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, além de dispensar o uso da água na sua produção. A tecnologia levou quase 20 anos para ser desenvolvida.
“O briquete verde vai revolucionar o processo de produção do aço”, diz Marcelo Spinelli, vice-presidente executivo de ferrosos da Vale.
O “briquete verde” será produzido em três plantas: nas usinas 1 e 2 de pelotização na unidade de Tubarão (SC), em Vitória (ES), que serão convertidas; e em uma planta a ser construída no Complexo de Vargem Grande, em Minas Gerais.
As unidades vão produzir o aglomerado por meio das etapas de prensagem, mistura e secagem a 200ºC (temperatura inferior à do processo de sinterização).
Produção da Vale deve ser de mais de 50 mi de toneladas ao ano
Com a tendência global de descarbonização das cadeias de produção, as siderúrgicas têm demonstrado interesse pela tecnologia.
A Vale estima que, no longo prazo, tenha capacidade para produzir acima de 50 milhões de toneladas por ano de “briquete verde”, com um potencial de redução de emissão superior a 6 milhões de toneladas de carbono equivalente por ano.
A mineradora brasileira não detalha, porém, como pretende posicionar o preço do produto no mercado.
Além de substituir o sinter na produção do aço, o “briquete verde” pode ser aplicado no alto-forno no lugar das pelotas de minério. Com essa flexibilidade, a mineradora entende que o posicionamento do produto pode depender do tipo de uso escolhido pelos clientes.
O novo produto começou a ser desenvolvido pela Vale em 2004. Os primeiros testes industriais foram realizados em 2019, em um forno a carvão vegetal.
Em 2020, foi testado em forno a coque de grande escala. Durante anos, siderúrgicas tentaram desenvolver produto semelhante, sem sucesso – o aglomerado se desintegrava no alto-forno. A Vale já patenteou a tecnologia em 47 países.
O “briquete verde” faz parte da estratégia da Vale de reduzir em 15% as suas emissões de escopo 3, relativas à cadeia de valor, até 2035. Em números absolutos, o compromisso de redução soma 90 milhões de toneladas de carbono equivalente (MtCO2e), volume igual às emissões de energia do Chile de 2018, ano-base usado na meta de escopo 3.
Com informações do Estadão Conteúdo