Nesta segunda-feira (9) o mundo vivenciou um dia de esperança, após o anúncio que a vacina contra o novo coronavírus (covid-19) é “90% eficaz”. A pesquisa, realizada pelas empresas americana Pfizer e alemã BioNTech gerou até euforia nas Bolsas de Valores do mundo inteiro, que fecharam com fortes altas.
A gigante farmacêutica americana uniu forças na batalha contra a covid com essa pequena e jovem empresa alemã de biotecnologia. Pouco conhecida do grande público até agora, a BioNtech foi fundada em 2008 na cidade de Mainz por dois médicos, Ugur Sahin, e sua esposa, Özlem Türeci.
Ambos são de origem turca, e como milhões de outros cidadãos daquele país, chegaram na Alemanha na metade do século passado em busca de uma vida melhor. Os dois se conheceram trabalhando junto em uma pesquisa para a cura do câncer.
Sahin nasceu em Tarso, na Turquia em 1965. Com quatro anos de idade chegou na Alemanha com a mãe para se juntar ao pai, que trabalhava na fábrica da Ford em Colônia.
Com o sonho de se tornar médico, estuda medicina em Colônia e depois na Universidade da Saarland, onde conhece sua futura esposa, Türeci, nascida na Baixa Saxônia, filha de dois médicos turcos de Istambul, que emigraram para a Alemanha para trabalhar em um pequeno hospital.
No dia do casamento, os dois saíram rapidamente do laboratório para chegar na prefeitura, se casar civilmente e voltaram imediatamente ao trabalho.
A união entre os dois logo se tornou uma parceria comercial. Em 2000, Sahin e Türeci mudaram-se juntos para a Universidade de Mainz, onde lecionaram, e um ano depois fundaram a Ganymed Pharmaceuticals, empresa que desenvolve anticorpos monoclonais contra o câncer, adquirida em 2016 pela Astellas por US$ 1,30 bilhão (cerca de R$ 7,15 bilhões). Em outubro de 2019 fundam a BioNTech e entraram na lista dos 100 alemães mais ricos, com patrimônio de 2,4 bilhões de euros, segundo o jornal “Welt am Sonntag”.
Hoje Sahin é presidente e CEO da empresa, enquanto Türeci é a diretora da área médica. Outros diretores de alto escalão são oriundos de gigantes farmacêuticas como Novartis (diretor financeiro), GlaxoSmithKline (diretor de negócios e operacional), ou financeiras, como JP Morgan (diretor de estratégia).
BioNtech líder mundial em biotecnologia
Atualmente a BioNTech é a empresa líder mundial em biotecnologia em medicina personalizada contra o câncer. E além disso, a BioNTech se dedica ao desenvolvimento e produção de imunoterapias ativas para o tratamento de muitas doenças graves. incluindo HIV e tuberculose, para os quais assinou recentemente acordos de financiamento com a Fundação Bill e Melinda Gates.
Listada na Nasdaq desde 2019, a BioNtech teve um faturamento de cerca de US$ 800 milhões no ano passado. Mas mesmo tendo um resultado operacional negativo de quase US$ 60 milhões, o se título valorizou mais de 440% em um ano. No dia de sua estreia no índice tecnológico dos EUA, a ação fechava a US$ 13,82. Na segunda fechou a mais de US$ 105.
A empresa tem seis plantas na Alemanha, uma em San Diego, nos Estados Unidos e, a partir de 2020, em Cambridge, no Reino Unido. No total, emprega mais de 1.300 pessoas de 61 nacionalidades, 25% dos quais com doutorado, e com idade média de 34 anos: 44% homens e 56% mulheres, que também ocupam 45% dos cargos de chefia.
A BioNTech já lançou em janeiro o projeto “Lightspeed”, para desenvolver um medicamento contra a Covid “à velocidade da luz” por meio da inovadora técnica de mRna, que usa material genético para instruir as células a produzirem proteínas que combatem doenças em vez de patógeno. E seus resultados voltaram a dar esperança para o mundo.