O vice-presidente da AstraZeneca, Menelas Pangalos, informou na noite da última quarta-feira (25) que houve um erro de dosagem da vacina de Oxford. Segundo Pangalos, isso é irrelevante para a conclusão dos estudos, no entanto, a confiança do imunizante está na mira da comunidade científica.
Nesta semana, especificamente na segunda-feira (23), os resultados preliminares apontaram que a vacina de Oxford apresentava uma eficácia de 90%, a depender da dosagem. No entanto, a AstraZeneca reconheceu o erro na dosagem do imunizante recebida por alguns participantes do estudo.
De acordo com o jornal norte-americano “The New York Times”, a comunidade científica se questiona agora se a eficácia da vacina se manterá a mesma em testes adicionas. Os cientistas e especialistas apontaram que o erro e uma série de outras irregularidades e omissões na maneira em como a AstraZeneca divulgou os dados inicialmente diminuíram a confiabilidade dos resultados.
Os especialistas apontam que essa quebra na confiança diminuem as chances dos reguladores dos Estados Unidos e de outros países aprovarem rapidamente o uso emergencial da vacina de Oxford. “Eu acho que eles abalaram a confiança no projeto de desenvolvimento como um todo”, disse ao jornal norte-americano, o analista de biofaramacêutica SVB Leerink, Geoffrey Porges.
O anúncio do imunizante aconteceu na segunda-feira sem a revisão de outros cientistas ou artigos publicados em revistas especializadas.
Segundo a divulgação, que levou em conta testes feitos no Reino Unido, no Brasil e na África do Sul, o antígeno teve eficácia de 90% quando houve a aplicação de meia dose seguida de uma completa após um mês. Quando houve a aplicação de duas doses completas, a eficácia caiu para 62%. A média da eficácia da vacina de Oxford ficou em 70,4%.
O fato de a aplicação de uma meia dosagem gerar resposta imune mais forte animavam os pesquisadores: dessa forma, mais pessoas poderão ser vacinadas em um menor intervalo de tempo. Além disso, o chefe do estudo, Andrew Pollard, afirmou estar otimista que o tempo de imunidade gerado seja de ao menos um ano.
Os resultados da vacina de Oxford empolgaram pelo fato de ela ser a que, até agora, apresenta uma maior facilidade em relação a sua logística de distribuição. Enquanto as vacinas da Pfizer e da Moderna requererão um transporte mais cuidadoso, com a primeira precisando de um armazenamento de -70° C e a segunda de -20º C, a vacina de Oxford precisa ser guardada em condições normais de refrigeração (de 2° a 8° C).
Além da Vacina de Oxford, Brasil assinará intenção de compra com 5 empresas
O Ministério da Saúde informou no último domingo (22) que deve assinar cartas de intenção não-vinculantes com cinco empresas para compra futura de antígenos. A compra efetiva dependerá da autorização regulatória, feita pela Anvisa, e da possível incorporação ao SUS. Segundo a nota, houve encontros da instituição com representantes das americanas Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson, com a indiana Bharat Biotech e com o Fundo Russo de Investimento Direto.
O corpo técnico do Ministério estaria analisando a documentação e verificando a melhor forma de contratação. Segundo a entidade, o Brasil tem acordos para ter acesso a 142,9 milhões de doses de vacina contra a Covid-19, que poderão imunizar ao menos um terço da população brasileira. Além disso, o esperado é que em 2021 o país consiga produzir cerca de 110 milhões de doses pela Fiocruz.
Até então, o Governo Federal apostava principalmente na vacina de Oxford, tendo já assinado um acordo de compra e uma futura transferência de tecnologia para produção nacional.
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