Vacina chinesa contra Covid no centro do debate nacional; entenda

A vacina contra o novo coronavírus (covid-19), conhecida como Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac e testada no Brasil pelo Instituto Butantan, tem gerado embates no cenário político nacional.

A polêmica teve início na tarde da última terça-feira (20) quando o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, após reunião virtual com governadores, assinou um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da vacina. A produção do imunizante tem sido comandado no Brasil pelo governador de São Paulo e possível candidato a presidente em 2022, João Dória.

De acordo com Pazuello, essa medida é mais um passo na estratégia de ampliar a oferta de vacinação para os brasileiros. O Ministério já tem acordo de 100 milhões de doses do imunizante de Oxford e outro acordo com a iniciativa da Organização Mundial da Saúde (OMS), a Covavax, com mais de 40 milhões de doses.

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Portanto, somado as três vacinas, seriam disponibilizadas no primeiro semestre deste ano um total de 186 milhões de doses.

No entanto, após o anúncio do Ministério da Saúde, o presidente da República Jair Bolsonaro desautorizou a fala do ministro. Em letras maiúsculas, o mandatário escreveu em seu Twitter que “a vacina chinesa de João Dória” não será comprada.

Em entrevista ao jornal “Correio Braziliense”, Dória disse que a decisão de Bolsonaro de suspender a intenção de compra de doses por parte do governo foi “uma atitude equivocadíssima”.

Dória também criticou a postura de Bolsonaro sobre exisgir comprovação científica, uma vez que recomendou hidroxicloroquina “até à ema da Alvorada. E nem a ema quis”. Por fim, o governador afirmou que “não é verdade” que o imunizante não é eficaz, já que está na terceira fase de testes.

Apesar de ter publicado em suas redes sociais que iria esperar a certificação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Bolsonaro se contradisse na declaração da última quarta-feira (21) ao dizer que independente de autorização a vacina não será comprada.

“A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população. Esse é o pensamento nosso. A China, lamentavelmente, já existe um descrédito muito grande por parte da população, até porque, como muitos dizem, esse vírus teria nascido de lá”, disse o presidente.

Vacina será obrigatória?

Outro impasse é a obrigatoriedade do imunizante chinês.  Dória afirma que a vacinação será obrigatória no estado, por sua vez, Bolsonaro afirma que não será obrigatória a nível federal.

O governador, afirmou, na semana passada, que quando a vacina estiver disponível, a imunização será obrigatória em todo estado. “Em São Paulo será obrigatório, exceto quem tenha orientação médica e atestado que não pode tomar. E adotaremos medidas legais se houver contrariedade nesse sentido”.

Nesta quinta-feira (22), Bolsonaro criticou o projeto de obrigatoriedade de Dória afirmando que é como “projetos de ditadores”.

“Impor medida autoritária só para estes nanicos projetos de ditadores, como este do Estado de São Paulo aí. Tomar uma vacina que não tenha um certo tempo de comprovação científica fica muito difícil”, disse hoje o mandatário no Palácio da Alvorada.

“Ontem a OMS se manifestou contra a obrigatoriedade da vacina e disse que é contra medidas autoritárias. Se manifestou depois que eu já tinha me manifestado, desta vez estão se informando corretamente, talvez me ouvindo né?”, completou o presidente.

STF pode obrigar Bolsonaro a comprar imunizante chinês

A assessoria de equipe de Bolsonaro reconhece que se o presidente insistir na suspensão de compra, o governo poderá ser obrigado a adquirir pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo o jornalista do G1, Valdo Cruz, na avaliação de assessores presidenciais, o STF pode até decidir que a vacinação não seja obrigatória, mas que se torne um direito da população que deseja se vacinar.

Neste cenário, o Supremo poderá decidir impor a obrigação de oferecer a vacina em seu plano nacional de imunização. A equipe de Bolsonaro julga que a guerra da vacina beneficia apenas seus apoiadores mas traz desgastes ao presidente.

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Poliana Santos

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