Uma usina nuclear no sudeste da Ucrânia foi bombardeada, incendiada e tomada por tropas russas nesta sexta-feira (4), segundo informações divulgadas pela Inspetoria Reguladora Nuclear ucraniana.
A usina nuclear de Zaporizhzhia, contudo, não teve alterações nos riscos de radiação, e as autoridades afirmaram que contiveram as chamas e não divulgaram nenhum potencial dano maior.
O fogo foi controlado pelo serviço de emergência estatal da Ucrânia, após o bombardeio russo atingir um prédio de treinamento e um laboratório do complexo nuclear de 6.000 megawatts.
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky condenou a atitude dos russos, afirmando que uma explosão da usina – a maior do tipo em toda a Europa – seria “o fim para todos, o fim da Europa”.
Em um vídeo de um minuto, Zelensky continuou dizendo: “Somente ações imediatas da Europa poderiam parar o exército russo”. Zelensky já havia acusado a Rússia de recorrer ao “terror nuclear” e de querer “repetir” a catástrofe de Chernobyl.
Enquanto o bombardeio ocorria, o chefe interino da empresa nuclear estatal ucraniana Energoatom, Petro Kotin, disse que, “se a situação piorar, será impossível pensar no que acontecerá se eles começarem a bombardear. Eles simplesmente não sabem o que estão fazendo”.
Ele também afirmou que não acredita que os russos tenham recebido ordens para fazer um ataque às usinas e, anteriormente, classificou a captura da Usina de Chernobyl, ao norte de Kiev, como “terrorismo nuclear”.
O dano à sustentabilidade energética da Ucrânia – provável motivação das tropas russas para o ataque – deve ocorrer, apesar de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) informar que o incêndio não afetara questões “essenciais”.
Isso, pois a usina é utilizada para a geração de mais de 20% do que a Ucrânia consome de energia.
A AIEA comunicou, em nota pública, que está trabalhando com todas as partes para determinar como pode efetivamente fornecer assistência.
Apesar de a incursão ter vinda de soldados russos, o Ministério da Defesa da Rússia, em comunicado, atribuiu o ataque no local da usina de Zaporíjia a “sabotadores ucranianos”, chamando o ato de uma “provocação monstruosa”.
Com o movimento militar, a Rússia demonstra que apesar dos diálogos recentes, a guerra deve continuar e se intensificar. Logo após o bombardeio, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que irá solicitar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) para discutir a situação.
O líder britânico não descarta o risco de vazamento de radiação por causa do ataque militar ou de tomadas de decisões futuras por parte do exército russo.
Antes disso, o presidente dos EUA, o democrata Joe Biden, conversou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky sobre o incêndio no complexo nuclear.
A intenção do mandatário americano foi a mesma de Boris Johnson, pedindo à Rússia que cessasse suas atividades militares na área para evitar um possível vazamento no futuro.
Bolsas despencam com ataque à usina nuclear
Com a intensificação do conflito em território ucraniano, as bolsas mundiais despencam e voltam a operar majoritariamente no vermelho. A bolsa de Londres cai 2,8% ante 3% de baixa na Alemanha.
Paris e Milão caem 3,2% e 4%, respectivamente.
Os índices americanos, por sua vez, apresentam quedas de 0,6% com o aumento da tensão no conflito militar.
Nos pregões anteriores os mercados já vinham de baixas, mas diminuíram a volatilidade após precificar o conflito nos primeiros dias de guerra.
O ataque à usina aumenta a temperatura do conflito e dá um sinal negativo ao mercado, que já assistiu à segunda rodada de negociações nesta semana – que terminou sem cessar-fogo.
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