A Usiminas (USIM5) anotou um lucro líquido de R$ 36 milhões no primeiro trimestre de 2024 (1T24) queda de 93% na base anual. Para o Santander, a companhia registrou resultados mais fortes trimestralmente, principalmente impulsionados por reduções de custos em sua divisão de aço. No entanto, o banco manteve recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 10,50.
Nesta terça-feira (23), as ações da Usiminas despencaram cerca de 13,91%, cotadas a R$ 9,10.
Segundo o Santander, o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Usiminas no 1T24, de R$ 416 milhões, ficou em linha com o consenso e a estimativa dos analistas da casa.
No primeiro trimestre de 2024, o Ebitda ajustado da divisão de aço da Usiminas alcançou R$390 milhões (vs. -R$42 milhões no 4T23, excluindo efeitos não recorrentes). O banco explica que esse desempenho foi impulsionado principalmente pela redução de custos decorrente da reforma do alto-forno nº 3 em Ipatinga (MG), bem como pela diminuição das compras de placas.
Quanto à sua divisão de mineração, o Ebitda ajustado atingiu R$83 milhões no 1T24 (-75% trimestre a trimestre), explicado por volumes mais fracos devido à sazonalidade negativa e preços realizados mais baixos trimestre a trimestre.
“A ação da Usiminas caiu acentuadamente devido a uma significativa redução de 93% no lucro líquido reportado para o 1T24 comparado ao mesmo período do ano anterior. Além disso, a empresa enfrenta desafios com o aumento de importações de aço, e na teleconferência o CFO disse esperar que o volume na mineração, em 2024, seja menor do que em 2023”, diz Lucas Almeida, sócio da AVG Capital.
Em relação ao 2T24, a Usiminas (USIM5) espera volumes de vendas de aço estáveis, apoiados pela melhora no desempenho dos setores automotivo, de petróleo e gás e de eletrodomésticos domésticos.
“No 1T24, o Fluxo de Caixa Livre (FCF) foi negativo devido a resultados mais fracos no segmento de minério de ferro e a um aumento no capital de giro, apesar de melhores resultados no segmento de aço e de menor despesa de capital no período. Isso resultou em um aumento da alavancagem para 0,22 vezes a relação entre a Dívida Líquida (ND) e o Ebitda, em comparação com -0,05 vezes no quarto trimestre de 2023. No geral, acreditamos que o mercado reagirá de forma neutra a esses resultados”, conclui o Santander.
“O resultado reportado pela Usiminas no 1T24 veio na contramão do trimestre anterior, com o segmento de siderurgia apresentando recuperação parcial de margens, seguindo a expectativa da companhia, mas a rentabilidade do segmento de mineração se deteriorou e ficou significativamente abaixo de nossas projeções – que já previam um resultado mais fraco – refletindo uma série de fatores desfavoráveis que impactaram volumes, preços médios e custos”, analisa Mary Silva, da BB-Investimentos.
“Seguimos com perspectivas pouco empolgantes para a companhia no próximo trimestre, em função da continuidade da rentabilidade mais fraca tanto para o segmento de mineração, cujo volume de vendas deverá continuar prejudicado pela menor produção, como em siderurgia, dado o cenário ainda adverso pela forte entrada de aço importado”, acrescenta o BB-BI.
“Com relação a este último tema, vale mencionar que na manhã de hoje (23), foi anunciado pelo governo que o pleito do setor siderúrgico de elevação das alíquotas para importações de algumas linhas de aço está sendo julgado nesta data em reunião do Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Câmara de Comércio Exterior (Camex). Caso aprovada, a medida poderá contribuir parcialmente para a melhora do ambiente competitivo para siderurgia no mercado interno. Assim, tudo considerado, mantemos nosso recém-revisado preço-alvo de R$ 10,30 para a ação USIM5 e a recomendação Neutra.”
Usiminas: lucro cai 93% em um ano e chega a R$ 36 mi no 1T24
A Usiminas teve um lucro líquido de R$ 36 milhões no 1T24, queda de 93% em relação ao lucro de R$ 544 milhões reportados no mesmo período do ano passado.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da Usiminas no 1T24 foi positivo em R$ 416 milhões, ante Ebitda ajustado positivo de R$ 783 milhões no 1T23.
A margem Ebitda ajustada, por sua vez, ficou em 7% no trimestre, mostrando uma queda de 4,0 pontos percentuais (p.p.) ante igual período de 2023.
O lucro bruto da Usiminas foi de R$ 398,8 milhões, representando uma baixa de 55% na comparação com igual etapa do ano anterior, quando registrou um lucro bruto de R$ 884,7 milhões. A margem bruta, por sua vez, foi de 6,4%, representando uma queda de 5,8 pontos percentuais no ano.
A receita líquida da Usiminas foi de R$ 6,222 bilhões no trimestre, representando baixa de 14% na base anual.
Em termos de produção, a companhia apresentou um aumento de 5% na base anual, para 1,911 milhões de toneladas, mas um recuo de 17% na comparação com o quarto trimestre, “devido ao período de chuvas, à parada temporária da instalação de tratamento de minério Leste e manutenções preventivas programadas nas plantas”.
O resultado financeiro da Usiminas foi negativo em R$ 156 milhões, ante resultado positivo de R$ 65,2 milhões no quarto trimestre, “reflexo de perdas cambiais líquidas de R$ 98 milhões registradas no trimestre, ante ganho cambial de R$ 112 milhões no trimestre anterior, consequência do efeito da desvalorização do real frente ao dólar registrada no final do período, impactando negativamente os passivos em dólar da companhia”.
Dívida e alavancagem
As despesas gerais e administrativas da Usiminas (USIM5) foram de R$ 152 milhões, representando queda de 15% em relação ao trimestre anterior.
A dívida líquida da Usiminas fechou o trimestre em R$ 310 milhões, ante caixa líquido de R$ 89 milhões no 4T23. “A variação entre os períodos deve-se, principalmente, à redução de caixa, consequência da redução das operações de forfaiting em R$ 704 milhões e pelo efeito da variação cambial na dívida da companhia”.
Assim, o patamar de alavancagem da Usiminas é de -0,22x, considerando a razão entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado.
Em relatório sobre os resultados da Usiminas, analistas do Itaú BBA acreditam que as expectativas da empresa de um desempenho sequencialmente estável na divisão de aço no 2T24 podem ser uma decepção para investidores que estavam mais otimistas com as perspectivas de uma recuperação mais forte.
“A queda do Ebitda no 1T24 foi impulsionada por resultados melhores do que o esperado na divisão de aço, que mais do que compensou uma fraca realização de preços e volumes mais fracos no negócio de minério de ferro”, disse a equipe do banco.
O Itaú BBA tem recomendação ‘outperform’ para as ações da Usiminas, equivalente a compra, com preço-alvo a R$ 12,00.
Desempenho anual das ações da Usiminas
Cotação USIM5