Em evento para celebrar a retomada da operação do alto-forno 3 da Usiminas (USIM5), o presidente da companhia, Marcelo Chara, disse que a empresa corre o risco de ter que desligar temporariamente seu alto-forno 2, em Ipatinga (MG), caso não haja mudança no cenário de oferta e demanda para o aço no mercado brasileiro nos próximos meses.
“Se a importação continuar crescendo, corremos o risco, sim [do abafamento do alto-forno 2]. Temos que alinhar a estrutura produtiva às condições de mercado”, afirmou.
O alto-forno 2 da Usiminas tem capacidade para produção de 600 mil toneladas de ferro-gusa por ano, mesma capacidade do alto-forno 1 – este foi desligado em dezembro para ajustar a produção às condições de demanda, após o reinício das operações do alto-forno 3, em novembro.
Após a reforma, que recebeu investimentos de R$ 2,7 bilhões no ano passado, o alto-forno 3 da Usiminas passou a ter capacidade de produção de 3 milhões de ferro-gusa por ano. Mesmo assim, o ritmo de produção se manterá inalterado, disse o presidente.
“É impossível [aumentar a produção] com as condições de mercado atuais e com a invasão de aço importado, que são subsidiados”, acrescentou Chara.
As siderúrgicas têm pressionado o governo federal há meses para elevar o imposto de importação sobre o aço para 25%, contra os 12% atuais, mas sem sucesso. Por outro lado, uma coalizão de 16 entidades de diversos setores consumidores de aço pressiona o governo contra a sobretaxa do aço.
Na quarta-feira (24), a Usiminas celebrou a retomada do alto-forno 3, em Ipatinga. A reforma incluiu a troca do corpo interno do alto-forno e a instalação de um novo sistema de resfriamento, além de um sistema de controle e automação para aumentar a eficiência na produção de ferro-gusa.
Questionado sobre perspectivas de investimentos para 2024, Chara pontuou que neste ano, eles serão substancialmente menores em relação a 2023. “Completamos um ciclo de investimentos extraordinário, que completou R$ 3,2 bilhões em 2023. Agora temos focado na manutenção das operações e investimentos relacionados ao meio ambiente”, pontuou.
Usiminas (USIM5) reverte lucro e tem prejuízo de R$ 165 milhões no 3T23
A Usiminas anotou um prejuízo líquido de R$ 165,5 milhões no acumulado do terceiro trimestre de 2023 (3T23), revertendo o lucro líquido de R$ 287,3 milhões registrado no segundo trimestre e um ano antes, de R$ 608,5 milhões.
O resultado negativo da Usiminas foi em razão do resultado operacional inferior e perdas cambiais registradas no período.
Já o lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado da Usiminas no 3T23 foi negativo em R$ 20 milhões, ante Ebitda ajustado positivo de R$ 836 milhões no 3T22.
A margem Ebitda ajustada, por sua vez, ficou estável no trimestre, mostrando uma baixa de 10 pontos percentuais (p.p.) ante igual período de 2022.
O lucro bruto da Usiminas foi de R$ 175,3 milhões, representando uma baixa de 83% na comparação com igual etapa do ano anterior, quando registrou um lucro bruto de R$ 1 bilhão. A margem bruta, por sua vez, foi de 2,6%, representando uma queda de 9,3 pontos percentuais no ano.
A receita líquida da Usiminas foi de R$ 6,714 bilhões no trimestre, representando baixa de 20% na base anual.
Em termos de produção, a companhia apresentou uma queda de 4% na base anual, para 2,410 milhões de toneladas, porém, um crescimento de 4% na comparação com o segundo trimestre, quando a produção registrada foi de 2,309 milhões de toneladas.
O resultado financeiro da Usiminas foi negativo em R$ 97,8 milhões, ante resultado positivo de R$ 205,4 milhões no segundo trimestre, “com o registro de perdas cambiais líquidas de R$ 132 milhões, ante ganhos cambiais líquidos de R$172 milhões registrados no trimestre anterior”.
Dívida e alavancagem da Usiminas
As despesas gerais e administrativas da empresa foram de R$ 166 milhões, representando alta de 11,9% em relação ao trimestre anterior, principalmente com maiores despesas na unidade de siderurgia.
A dívida líquida da companhia fechou o trimestre em R$ 353 milhões.
Assim, o patamar de alavancagem da Usiminas é de 0,21x, considerando a razão entre a dívida líquida e o Ebitda ajustado.
Ainda em fato relevante, a Usiminas destacou que prevê vendas de aço no quarto trimestre em 900 mil a 1 milhão de toneladas.
Desempenho das ações de Usiminas
Cotação USIM5