Usiminas (USIM5): desempenho fraco no 2T23 faz ações desabarem no Ibovespa; analistas se dividem nas recomendações
A Usiminas (USIM5) registrou um Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 366 milhões no segundo trimestre de 2023, um recuo de 81% na comparação anual. O lucro teve queda anual de 73%. Números como os desses indicadores não agradaram o mercado, e foram piores que várias projeções de bancos.
Em resultado ao baixo desempenho, as ações da Usiminas despencaram hoje no Ibovespa. Os papéis fecharam em queda de 4,95%, a R$ 7,11, na sessão, em um pregão marcado pela baixa para o setor de minério.
Cotação USIM5
Para o Goldman Sachs, os resultados da Usiminas demonstram volatilidade. “O 2T23 da Usiminas foi volátil e difícil de prever: seus ativos de mineração estão chegando ao fim de sua vida útil e a empresa está passando pela manutenção de seu alto-forno principal, levando a uma maior dependência em placas compradas.”
Já o BTG Pactual projeta que os resultados vão continuar pressionados no terceiro trimestre de 2023. “A empresa tem lutado com vários contratempos operacionais, ao mesmo tempo em que está no meio da reformulação do alto-forno 3, que ainda deve trazer incerteza e volatilidade ao fluxo de ganhos da empresa no curto prazo. Esperamos por isso que as margens Ebitda do aço permanecerão pressionadas nos próximos trimestres.”
Usiminas: Ebitda veio abaixo da expectativas, dizem analistas
Segundo o Santander, o Ebitda da Usiminas veio 15% abaixo da expectativa. A equipe do banco explica que as diferenças nas previsões foram geradas pelos preços mais fracos realizados na divisão de mineração e aço.
“No geral, a Usiminas apresentou resultados trimestrais mais fracos (o Ebitda do 2T23 caiu 53% no trimestre), impulsionado principalmente pela queda nos volumes de vendas de aço, diminuição de 6% no trimestre, os piores custos de sua divisão de aço e o desempenho SG&A, devido a gastos com manutenções”, explica o Santander.
Na análise do BTG Pactual, os números apurados tiveram um desvio de 21% das projeções do banco. “O desvio das nossas estimativas foi explicado principalmente por despesas mais altas relacionadas à paralisação de operações e aumento das despesas operacionais nas unidades de mineração.”
Neste segundo trimestre de 2023, a Usiminas enfrentou uma queda de 6% no volume de vendas de aço, totalizando 972 mil toneladas, em linha com as projeções dos analistas do BTG, que projetavam entre 900 mil e 1.000 mil toneladas,
Já no minério de ferro, a produção aumentou 27% no trimestre, mas caiu 1% no comparativo anual para 2,4 milhões de toneladas. O Ebitda ajustado da divisão caiu 42% no trimestre, para R$147 milhões, explicado principalmente pelos menores preços realizados.
Fluxo de Caixa Livre negativo aumentou dívida líquida, aponta BTG
A empresa registrou um Fluxo de Caixa Livre negativo de R$ 250 milhões para o trimestre, também abaixo das expectativas, dizem os analistas do BTG.
Segundo o banco, apesar da entrada positiva de R$ 400 milhões no capital de giro, a dívida líquida da Usiminas aumentou para R$ 1 bilhão, devido ao FCF negativo e outros fatores.
“A deterioração sequencial foi causada principalmente por tendências operacionais mais fracas combinadas com maior capex e desembolsos de dividendos no trimestre”, acrescenta o Itaú BBA.
Lucro anual da Usiminas despenca 73% no 2T23
A Usiminas anotou um lucro líquido de R$ 287 milhões no acumulado do 2T23, representando uma queda de 73% ante igual etapa do ano anterior.
O lucro bruto da Usiminas foi de R$ 582,4 milhões, representando uma baixa de 73% na comparação com igual etapa do ano anterior. A margem bruta, por sua vez, foi de 8,5%, representando uma queda de 17,2 pontos percentuais.
A receita líquida da companhia foi de R$ 6,887 bilhões no trimestre, representando baixa de 19% na base anual.
Vale a pena comprar ações da Usiminas? Analistas se dividem
Para o BTG Pactual, em breve os investidores começarão a dar baixa em 2023 em breve e mudar o foco para 2024, quando os papéis da Usiminas parecerem baratos. Diante disso, o banco mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 8. “Nossa impressão é de que isso só acontecerá após a conclusão da manutenção do alto forno 3, sobre a qual ainda temos muito pouca visibilidade.”
O Santander também adota recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 8. O Itaú BBA tem posição de “underperform”, equivalente a venda, e preço-alvo de R$ 7.
Já o Goldman Sachs tem recomendação de compra. “Vemos a Usiminas negociando em um EV/Ebitda esperado de 3,2x (vs. um múltiplo histórico de 6,0x) e mantemos nossa classificação de compra no nome. Mas achamos que a elevada incerteza dos lucros e a pressão do fluxo de caixa livre (capital de giro e capex) podem limitar a reclassificação do preço das ações no curto prazo”, explicam os analistas.