Após a revelação do SUNO Notícias sobre a investigação que a Via Varejo (VVAR3) realiza para apurar possíveis fraudes contábeis, a varejista, dona das marcas Casas Bahia, Ponto Frio e Extra.com, confirmou que as irregularidades podem impactar seu balanço em cerca de R$ 1 bilhão.
A informação foi publicada em fato relevante divulgado aos investidores após o fechamento do mercado desta quinta-feira (12). No documento, a Via Varejo indicou que o impacto da investigação sobre a fraude contábil é estimado entre R$ 1,05 bilhão e R$ 1,2 bilhão.
Além disso, a companhia também informou que o comitê independente identificou ajustes relevantes, referentes a créditos fiscais e outras provisões, de cerca de R$ 200 milhões.
Por isso, a Via Varejo identificou que a soma dos problemas deve impactar o balanço do quarto trimestre em algo em torno de R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão.
A Via Varejo também salientou que os ajustes devem impactar o patrimônio líquido entre R$ 800 milhões e R$ 940 milhões estimados.
“Como consequência, espera-se que os referidos ajustes gerarão um efeito caixa na companhia no decorrer dos próximos três a quatro anos”, escreveu a companhia no fato relevante.
Além disso, a investigação também permitiu que a varejista encontrasse créditos fiscais de cerca de R$ 600 milhões referentes a tributos como PIS/Cofins e ICMS.
A empresa também confirmou o início de uma terceira fase de investigações como forma de “continuar a apuração de potenciais irregularidades contábeis à luz das questões identificadas durante a fase anterior”.
Via Varejo investiga possíveis fraudes fiscais
Há cerca de dois meses a Via Varejo está levando adiante uma investigação sobre fraudes em seus balanços financeiros . O SUNO Notícias apurou com exclusividade que a gigante varejista estaria verificando se seus executivos cometeram irregularidades na elaboração e divulgação de informações financeiras.
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A investigação iniciou após o departamento de compliance da Via Varejo receber uma denúncia sobre possíveis práticas ilícitas. Logo depois, a varejista contratou advogados e auditores para levar adiante a investigação. Isso especialmente graças a riqueza dos detalhes sobre as operações fraudulentas que a denúncia continha.
Segundo fontes consultadas pelo SUNO Notícias com conhecimento da investigação interna, executivos da Via Varejo contabilizaram despesas como CAPEX (Capital Expenditure), como se o montante fosse destinado a investimentos para a melhoria da operação, quando, na verdade, o dinheiro teria sido destinado a gastos de OPEX (Operational Expenditure), ou seja, destinado para despesa operacionais.
A manipulação da Via Varejo ocorreria pela possibilidade de transformar, no futuro, as despesas de CAPEX em receita e diminuir as provisões da companhia. Dessa forma, o retorno sobre investimento da empresa seria maior que o real, já que investimentos em CAPEX podem se transformar em benefícios futuros, enquanto que em OPEX, que englobam pagamentos de salários, contas regulares, entre outros, são apenas gastos cotidianos.