A União Europeia (UE) se juntou aos Estados Unidos, Japão, Austrália e outros países e começou a cobrar a China sobre a pandemia do novo coronavírus (covid-19). Os embaixadores dos países membros do bloco europeu publicaram na última quinta-feira (7) uma carta conjunta no jornal China Daily, pedindo clareza na divulgação das informações sobre a origem e disseminação do vírus.
Entretanto, o documento que foi alvo de censura por parte do governo de Pequim, que cancelou algumas partes do texto. Para os europeus, essa foi última gota. Agora, a presidente da Comissão Européia, Ursula von der Leyen, estaria pensando em propor uma comissão internacional de investigação sobre o coronavírus na Organização das Nações Unidas (ONU).
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Até o momento, a União Europeia estava procurando encontrar uma terceira via no confronto entre Estados Unidos e China. Mas o caso da carta dos embaixadores censurada acaba criando um forte atrito entre Bruxelas e Pequim, apesar dos intensos laços comerciais e do acordo sobre investimentos que os dois lados queriam fechar até o final do ano (a conferência de Leipzig está prevista para setembro).
As muitas inconsistências das informações divulgadas pela China já tinham provocado muita irritação em governos europeus. Já em dezembro, a China tinha informado a Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre casos de pneumonia “peculiares” na província de Hubei. Entretanto, Pequim não aceitou que os funcionários da OMS entrassem na área para verificar. Aceitara esses controles apenas no dia 8 de fevereiro. No dia 14 de janeiro, a OMS twittou a “descoberta” feita pelas autoridades chinesas que o vírus não se transmitia de homem para homem. Uma informação evidentemente falsa.
Somente no dia 30 de janeiro a OMS decidiu declarar o estado de pandemia, após uma reunião do diretor-geral da instituição, Tedros Adhanom, com o presidente chinês Xi Jinping.
Pequim ainda não quer admitir que o vírus se espalhou da China para o resto do mundo. E foi exatamente a frase “o vírus explodiu na China e sua consequente disseminação no resto do mundo nos últimos três meses” que as autoridades chinesas eliminaram da carta dos 27 embaixadores da UE.
Carta da UE censurada sobre coronavírus
O documento tinha sido escrito por ocasião do 45º ano de relações diplomáticas entre a Europa e a China. A versão completa da carta foi publicada nos sites das várias embaixadas.
Mas a censura não soluciona as dúvidas, pelo contrário, as reforça. E há dúvidas sobre os casos de doenças de vários atletas que regressaram das olimpíadas militares de Wuhan em outubro. Também nesse caso sem nenhuma certeza, apenas histórias que levantam pontos de interrogação.
Por isso, agora Bruxelas quer clareza. Alguns dias atrás, em entrevista à televisão americana CNBC, a presidente von der Leyen explicou que é necessária uma investigação sobre as origens do vírus. A política alemã disse ter certeza de que isso não causará atritos com Pequim, porque, segundo ela, “é interesse de cada país e serve para nos preparar melhor da próxima vez ”.
O clima da nova guerra fria permanece. Por enquanto, Pequim não ataca a Bruxelas e a ideia de investigar a origem do coronavírus. Mas se defende de Washington, rejeitando as acusações do presidente Donald Trump e do secretário de Estado Mike Pompeo.
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Mas para o Alto Representante para as Relações Exteriores da UE, Josep Borrell, a Europa foi “ingênua” em seu relacionamento com a China, e o caso do coronavírus demostra que o país asiático tem “uma concepção diferente da ordem internacional” do que os europeus.
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