A compra de 20% da LATAM Airlines Group pela americana Delta Airlines por US$ 1,9 bilhão, ou US$ 16 por ação, deve dar músculos à aérea latino-americana e aumentar as vantagens competitivas da companhia em relação às suas concorrentes.
A proposta, anunciada na noite desta quinta-feira (26), pegou o mundo da aviação de surpresa. Até agora, a Delta era parceira da Gol, de quem detinha 9% do capital. O valor equivale a R$ 770 milhões após o fechamento do mercado desta sexta (27), quando as ações da brasileira caíram 6,51%.
O objetivo da Delta Airlines é modificar o atual posicionamento da LATAM, aumentando seu caixa ao reduzir a dívida da companhia, e injetar US$ 350 milhões para a compra de novas aeronaves, ajudando a modernizar a frota atual da empresa.
“Isso faz com que a LATAM ganhe uma relevância internacional ainda maior, além de um incremento futuro no fluxo de caixa, coisa que nenhuma concorrente tem. Estão todas bem endividadas e a LATAM, de uma hora pra outra, consegue reduzir isso”, disse uma fonte com conhecimento do setor.
Além disso, a Delta espera que o acordo com a LATAM seja aumentado aos ganhos por ação até 2021, adicionando US$ 1 bilhão em crescimento de receita até 2024, segundo o CEO da Delta, Ed Bastian.
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“Todo mundo esperava que a American Airlines seria a parceira da LATAM. Mas, em uma tacada de mestre das duas companhias, a LATAM ganha acesso ao poderio da Delta e ao maior hub dos EUA, que é Atlanta”, disse Shailon Ian, CEO da consultoria Vinci Aeronáutica.
O aeroporto de Atlanta é considerado um dos mais importantes do mundo e ter espaços na grade local permite que as companhias façam ligações com o resto dos EUA de forma ágil. Isso faz com que a companhia latino-americana ganhe poderio de fogo para enfrentar as concorrentes.
Já pelo lado da Delta, a companhia americana compra parte de uma empresa que opera em diversos países da região em um plano ambicioso para assumir a liderança do mercado na América Latina.
GOL fica pelo caminho em disputa por parcerias estratégicas
Além desse ganho de musculatura pela LATAM, o novo negócio fez com que a Delta abandonasse a parceria que mantinha com a GOL no país.
“A Delta já deixou claro com quem ela vai querer estar lá na frente. O setor deve começar a ter entrantes novos e a Delta seria importante numa união futura”, disse Pedro Galdi, analista de aviação da corretora Mirae.
Diversas companhias low-cost demonstraram interesse no mercado brasileiro nos últimos anos. Apesar de não ser o perfil da LATAM, ganhar força em um momento como esse é importante, segundo especialistas ouvidos pelo SUNO Notícias.
Além desse aumento do potencial competitivo da LATAM, a operação também impacta de maneira significativa (e negativa) a principal concorrente do setor.
“A GOL vai ser obrigada a procurar outro parceiro de negócios. Portanto, a maior impactada, sem dúvidas, é a GOL, que fica para trás e perde um hub importante em Atlanta”, disse Shailon Ian.
As ADRs da LATAM listadas em Nova York fecharam o dia com alta de 31%.