As ações da Ultrapar (UGPA3) apresentam queda de 11,82% no Ibovespa, às 12h08 desta quinta-feira (12). Duas notícias fizeram os investidores correrem da companhia nesta manhã.
A primeira foi a autorização do governo federal para a venda de etanol diretamente das produtoras para os postos de combustíveis, sem intermédio de uma empresa distribuidora, como a Ultrapar. O presidente Bolsonaro assinou ontem a medida provisória (MP) que viabiliza esse projeto.
Com isso, os papéis UGPA3 já fecharam as operação de quarta em queda: 0,63%, cotados a R$ 17,35.
Mas a situação se agravou com a divulgação do balanço financeiro de segundo trimestre, em que a distribuidora de combustíveis registrou prejuízo líquido de R$ 18,2 milhões, revertendo o lucro líquido de R$ 50 milhões de um ano antes.
A Ultrapar explicou que desconsiderado o impairment da Extrafarma (vendida para a Pague Menos em maio) de R$ 395 milhões, a empresa somou lucro de R$ 290 milhões.
Mas a soma de notícias não favoreceu. O mercado reagiu fortemente e as ações da Ultrapar já perdem mais de 12% somando a queda de ontem e hoje.
Impacto do balanço e da venda direta de etanol para a Ultrapar
O analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, vê a notícia da venda direta de etanol como negativa para as empresas do setor de distribuição de combustíveis.
Ele explica que, embora empresas como BR Distribuidora (BRDT3) e Ultrapar trabalhem com o conceito de provedoras totais de serviços – com abastecimento e rede de conveniência, além de distribuição -, o impacto no modelo de negócios é uma possibilidade.
“Se, de fato, se observar no futuro que a venda direta de etanol se tornou mais atrativa economicamente, você tira dessas companhias uma das linhas que tornam o posto completo, que é o modelo de negócios atual”, diz Arbetman.
Soma a isso os resultados trimestrais da Ultrapar considerados fracos pelos analistas e os investidores. O lucro ajustado de R$ 290 milhões veio abaixo dos R$ 329,6 milhões esperados.
Já o Ebitda ficou em R$ 764 milhões, também fraco para os analistas do Itaú BBA, que apontaram que o valor foi 21% abaixo do esperado. “O desempenho da companhia foi afetado principalmente pelo resultado fraco da distribuidora de combustíveis Ipiranga”, apontam.
Diante disso, os analistas já anteciparam que pretendem revisar as estimativas para a Ultrapar nos próximos dias. Atualmente o BBA tem recomendação “outperform” (equivalente a compra), com preço-alvo de R$ 26,00.