O BTG Pactual avalia que a Ultrapar (UGPA3), holding que controla gigantes dos setores de energia e logística como Ipiranga, Ultragaz e Ultracargo, está voltando ao modo de crescimento. No entanto, o banco ainda mantém recomendação neutra para as ações.
“Embora estejamos mais confiantes de que o pior já passou para UGP, acreditamos que os múltiplos de negociação das ações demandam uma visibilidade mais clara sobre as perspectivas de crescimento”, diz o BTG.
O banco ajustou as estimativas no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) projetado para 2023 e 2024 com altas de 2% e 4%, respectivamente, diante de melhores margens nas unidades de negócios.
Por conta disto, o banco eleva o preço-alvo para R$ 22, mas mantém recomendação neutra nas ações da companhia.
Ultrapar (UGPA3): BTG cita pontos positivos nas unidades de negócio
Em relação ao Ipiranga, analistas do BTG comentam que a empresa está mostrando sinais de forte melhoria na originação de produtos e no relacionamento com vendedores. “A iminente conclusão da depuração dos postos (prevista para o 3T23), aliada ao aumento de produtividade por PDV nos últimos trimestres, indica ainda que a estratégia de branding está mais assertiva,”
Outro ponto destacado é a melhora da logística do Ipiranga. Segundo o BTG, a empresa já reduziu o
seu número de transportadores em cerca de 50% e espera que os custos diminuam até 20% nos próximos anos.
Sobre a Ultragaz, braço de GLP da Ultrapar, o BTG aponta que a unidade registrou um triplo aumento das margens e retornos nos últimos três anos. Para analistas, o melhor ambiente de negócios tem colaborado no cenário.
“Embora acreditemos que haja riscos para a manutenção dos atuais níveis de ROIC no médio prazo, as recentes parcerias com a Supergasbrás e os esforços para melhorar o mix de produtos deverão sustentar retornos elevados por mais tempo do que o previsto”, projeta o BTG.
O plano de longo prazo, de acordo com o BTG, envolve a diversificação dos negócios, com foco no agronegócio brasileiro, por causa da sua natureza anticíclica.
Por fim, a expansão da Ultracargo está condicionada ao interior do Brasil, capturando um maior déficit de combustíveis em estados longe do litoral. “Acreditamos que a Ultracargo poderá deixar de ser apenas uma empresa de armazenamento para também oferecer soluções logísticas, auxiliando no fornecimento de combustível para o agronegócio em expansão no Brasil”, diz o BTG.
Lucro da companhia recuou 48% no 2T23
A Ultrapar Participações reportou um lucro líquido de R$ 239 milhões no segundo trimestre de 2023, valor 48% menor do que o verificado no mesmo trimestre de 2022 e 13% abaixo do primeiro trimestre deste ano.
O resultado da Ultrapar, segundo o relatório da companhia, foi pressionado pelas operações continuadas, além da alta base de comparação dado o ganho de capital com a venda da Oxiteno registrado um ano atrás e aos maiores custos e despesas com depreciação e amortização, apesar da menor despesa financeira líquida.
A receita líquida da Ultrapar recuou 21% no segundo trimestre, na comparação anual, e 3% menor na comparação trimestral, totalizando R$ 29,6 bilhões, justificado principalmente pelo menor faturamento da Ipiranga.
O Ebitda da Ultrapar no 2T23 ajustado, métrica utilizada para medir o resultado operacional, somou R$ 964 milhões, uma queda de 35% em um ano e 11% ante o trimestre anterior. O grupo justifica os números com menor resultado em Ipiranga e maiores despesas da Holding.
Ipiranga tem resultados afetados pelo preço dos combustíveis
A distribuidora de combustíveis da Ultrapar teve seus resultados afetados pela redução do preço dos combustíveis no mercado internacional e o repasse desses descontos no mercado interno. Em relação a volumes, as vendas permaneceram estáveis.
Desempenho anual das ações da Ultrapar
Cotação UGPA3