O Grupo Ultra (UGPA3), mais conhecido pela rede de postos de combustível Ipiranga, decidiu rever seu portfólio e fazer mudanças em seu modelo de negócio em 2021 — com maior foco em seu core business no setor de óleo e gás. A revisão passa pela venda de ativos e a disputa pelas refinarias da Petrobras (PETR4)
Além da notícia da intenção em vender a indústria química Oxiteno, avaliada em US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,5 bilhões), o Grupo Ultra também deve colocar à venda rede de farmácias Extrafarma, que hoje tem cerca de 400 lojas e fatura R$ 1,5 bilhão. A empresa, segundo apurou o ‘Estadão’, acredita que uma grande rede de farmácias adquira a Extrafarma, que é especialmente forte na região Norte.
A compra da rede de farmácias em 2013 por R$ 1 bilhão era parte do plano do Ultra de transformar a rede de postos Ipiranga uma espécie de “hub” de varejo, indo além dos combustíveis. A companhia fez uma expansão da Extrafarma em vários de seus postos, especialmente em São Paulo. Segundo fontes do setor, porém, a empresa não atingiu o porte necessário para concorrer com gigantes como a Raia Drogasil (RD) e a DPSP (união das drogarias Pacheco e São Paulo). Por isso, ela passou de força consolidadora a candidata a ser adquirida por negócios maiores.
Entre as grandes varejistas, como Pão de Açúcar (PCAR4), Carrefour (CRFB3) e Big (que adquiriu as operações do Walmart por aqui), a aposta nas drogarias próprias também veio perdendo espaço. Apesar de ser considerado um negócio rentável, experiências anteriores também provaram que nem sempre se trata de um setor fácil. O BTG Pactual (BPAC11), por exemplo, somou prejuízos bilionários ao criar a BR Pharma, que consolidou várias redes regionais (entre elas a Farmais e a Big Ben – esta última, assim como a Extrafarma, do Pará), mas acabou acarretando perdas para o banco, até ser vendida por um preço simbólico.
Segundo apurou o Estadão, o mandato de venda da Extrafarma está na mão do Bradesco BBI, enquanto o desinvestimento na Oxiteno ficou a cargo do Bank of America.
Procurado, o Grupo Ultra disse que não tem nada a acrescentar além do fato relevante divulgado na segunda-feira, 14, no qual disse que “avalia continuamente seu portfólio de negócios” e vem direcionando investimentos, de forma prioritária, para fortalecer seu posicionamento na cadeia de óleo e gás no Brasil. A empresa afirma ainda que “estão sendo consideradas alternativas estratégicas que assegurem a continuidade da expansão da Oxiteno”. O Bradesco BBI não comentou.
Negócio principal do Grupo Ultra
O Grupo Ultra pretende seguir nos negócios nos quais encontra sinergia com sua atividade principal – ou seja, relacionados a ao mercado de óleo e gás, incluindo nesse bloco os postos Ipiranga, a Ultragaz e a Ultracargo. Enquanto desinveste de um lado, o conglomerado prepara com a outra mão o investimento em refino. Tem apetite, por exemplo, na briga pelas refinarias no Sul do País que foram colocadas à venda pela Petrobras.
O Ultra já tinha dado toda a indicação do caminho que seguiria para o seu negócio, em especial quando colocou na mesa seu plano de investimento para o próximo ano. Nele, do total de quase R$ 1,9 bilhão em investimentos programados para o ano, cerca de 80% serão destinados aos segmentos ligados ao segmento de óleo e gás.
Na disputa pelas refinarias da Petrobras, contratou o banco Morgan Stanley para conduzir o processo e já entregou sua oferta vinculante para a compra das unidades Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, e Alberto Pasqualini (Refap), no Rio Grande do Sul.
Dentre essas opções, o ativo de grande desejo do Grupo Ultra é a Repar, próxima a São Paulo, o maior mercado de combustíveis do País. A Cosan – dona da Raízen que opera os postos de marca Shell no Brasil – também está na disputa. O Citi é o assessor da Petrobras para esse desinvestimento.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.