Ucrânia decreta estado de emergência e UE marca reunião para definir sanções
A Ucrânia decretou estado de emergência após os últimos movimentos da Rússia, determinados pelo presidente Vladimir Putin. Na semana anterior os países tiveram um arrefecimento da tensão, mas as incertezas voltaram após os soldados russos matarem 5 ucranianos em tentativa de invasão. A Rússia reconheceu ainda a independência de Donetsk e Luhansk, regiões no leste da Ucrânia controladas por separatistas russos. Com a medida, Donetsk e Luhansk não serão mais reconhecidas como território ucraniano, o que abre espaço para a livre movimentação de tropas russas em direção à capital ucraniana, Kiev.
A União Europeia já anunciou uma primeira rodada de sanções em resposta às investidas russas na Ucrânia. Os países da UE planejam realizar uma reunião de emergência na quinta por causa dos últimos eventos.
“Nós, ucranianos, queremos paz e resolver todos os problemas por meio da diplomacia”, disse o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba.
Com o aumento da tensão, a UE também deve abordar a deterioração da situação de segurança nas fronteiras da Rússia em reunião emergencial.
Em uma carta aos membros da UE, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, disse que as “ações agressivas da Federação Russa violam o direito internacional e a integridade territorial e a soberania da Ucrânia. Eles também minam a ordem de segurança europeia”.
“É importante que continuemos unidos e determinados e definamos conjuntamente nossa abordagem e ações coletivas”, acrescentou.
A reunião ocorre exatamente uma semana após a mais recente cúpula convocada às pressas para discutir a atual crise na Ucrânia. A unanimidade entre as 27 nações é necessária para que o bloco imponha sanções.
A União Europeia deve divulgar sanções aos principais aliados do presidente russo, Vladimir Putin, em resposta à decisão de Moscou de reconhecer duas regiões separatistas no leste da Ucrânia e enviar tropas para as áreas, informou o The New York Times.
As medidas de retaliação, que podem ser detalhadas na quinta-feira, teriam como alvos como o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, e o chefe de gabinete de Putin, Anton Vaino, segundo reportado pelo The New York Times.
O bloco também pode definir sanções contra importantes funcionários da mídia russa.
Com tensão na Ucrânia, EUA saem na frente nas sanções
Recentemente o Kremlin criticou as sanções impostas a Moscou pelo presidente dos EUA, Joe Biden, na terça (22).
Em um post em sua página oficial no Facebook, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia chamou as sanções de “ineficazes e contraproducentes para os próprios interesses dos Estados Unidos”.
“A Rússia provou que pode minimizar as perdas dessas sanções. Mais do que isso, a pressão das sanções não afetará nossa determinação de continuar defendendo nossos interesses”, disse o ministério.
Alegou que os EUA tinham “uma falsa convicção de que ainda tem o direito de impor suas próprias regras da ordem mundial”, apelidando as novas sanções de “chantagem”.
“Estamos abertos apenas à diplomacia baseada em princípios de respeito mútuo, igualdade e consideração dos interesses de cada um”, acrescentou o ministério. “Não há dúvida de que haverá uma resposta forte às sanções, não necessariamente simétrica, mas comedida e considerável para o lado americano.”
O presidente russo, Vladimir Putin, disse em um discurso nesta quarta-feira que Moscou estava aberta à diplomacia, apesar de ter ordenado tropas para o leste da Ucrânia um dia antes.
“Vou começar a impor sanções em resposta, muito além das medidas que nós e nossos aliados e parceiros implementamos em 2014. E se a Rússia for mais longe com essa invasão, estamos preparados para ir além com as sanções”, disse Biden, na terça.
O democrata afirmou que as sanções inicialmente afetam o banco VEB e o banco militar russo, cortando seu acesso a financiamento ocidental. A partir desta quarta haverá também sanções financeiras contra a elite russa e seus familiares.
“Estamos implementando sanções à dívida soberana da Rússia. Isso significa que cortamos o governo da Rússia do financiamento ocidental”, afirmou.
O presidente do EUA apontou que Putin está preparando uma tomada de território ucraniano que vai além das regiões separatistas de Luhansk e Donetsk.
“Ele está configurando um argumento para ir muito além. Este é o começo de uma invasão russa na Ucrânia“, disse. Biden condenou também o que considera ser “uma flagrante violação da lei internacional”.