O debate sobre o novo superciclo de commodities está em voga há alguns meses, com a maior parte do mercado otimista. Os analistas do UBS, contudo, estão na ponta contrária, esperando uma queda do preço do minério de ferro e rebaixando de neutro para venda as ações da Rio Tinto, conglomerado anglo-australiano concorrente da Vale (VALE3).
As cotações do minério de ferro subiram de US$ 80 a tonelada em 2019 para cerca de US$ 220 no mês passado, mas analistas liderados por Myles Allsop projetam que elas podem cair até 50%.
Problemas de oferta no Brasil, primeiro causados pelo desastre da barragem de Brumadinho (MG) e depois exacerbados pela pandemia da Covid-19, estão sendo revertidos, de acordo com os especialistas do banco suíço.
Além disso, a China atua para conter a valorização das commodities, incluindo o aço, vendendo reservas domésticas e pressionando agentes do setor a não elevarem os preços. Os analistas apontam ainda que os estoques de minério de ferro no país asiático estão em alta.
De acordo com a análise, à longo prazo, a capacidade latente das principais empresas do setor, incluindo Vale, Rio Tinto e BHP, aumentará ainda mais a oferta. A China também está propondo maior uso de sucata de aço e a construção de uma rodovia na Guiné deve tornar o país africano um exportador de minério de ferro até o fim da década.
Por volta das 10h (horário de Brasília), as ações da Rio Tinto recuavam 1,22% em Londres, para 5.741 libras. Os papéis operam estáveis no ano.
Vale deve se beneficiar das quedas do minério de ferro
Desde meados de maio, os preços do aço na China passaram por forte queda, movimento cujo reflexo foi sentido pelas ações de mineradoras e siderúrgicas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). Mesmo assim, a expectativa da XP é de que a Vale deve continuar a se beneficiar de prêmios de qualidade mais elevados.
Os analistas Yuri Pereira e Thales Carmo disseram ser interessante para a mineradora brasileira a relação entre fortes prêmios de qualidade e margens mais baixas do aço.
Dados da China Iron and Steel Association (CISA), citados no relatório, mostram que as usinas chinesas produziram 2,38 milhões de toneladas por dia durante o período de 11 a 20 de maio, um montante 1,6% abaixo do recorde de 2,4 milhões.
A entidade atribui a desaceleração aos alertas de Pequim sobre especulação excessiva no setor. O governo chinês tem procurado estabilizar os preços das matérias-primas nas últimas semanas.
“Devido à menor produção em usinas menos eficientes para combater as emissões é necessário aumentar as taxas de utilização nas maiores usinas para aumentar a produção. Portanto, minério de ferro de alta qualidade se torna mais necessário”, explicaram em relatório divulgado em maio.
Com informações do Estadão Conteúdo.