Algumas das maiores instituições financeiras do mundo, como UBS, BlackRock e Ashmore, têm “quantias significativas” em títulos da Evergrande, incorporadora chinesa que apresenta sinais concretos de falência e pode dar um calote de US$ 300 bilhões na China.
Apesar de as políticas de divulgação dos documentos variarem de empresa para empresa, uma quantia relevante já demonstrou ter alguma participação na Evergrande nos últimos meses. A Ashmore, por exemplo, possuía US$ 400 milhões em títulos da companhia, segundo dados da Bloomberg em análise dos documentos do fim de junho.
Além disso, BlackRock, UBS e HSBC também constam na lista de credores, considerando uma vertente dessas companhias que dá enfoque a investimentos em países emergentes ou de maior risco.
As informações da Bloomberg também citam que o escritório de advocacia Kirkland & Ellis e o banco de investimento Moelis & Co. foram contratados como consultores por alguns detentores de títulos, que podem ter mudado suas participações desde a obtenção dos últimos documentos.
Atualmente, o governo chinês e a incorporadora tentam negociar com os bancos a possibilidade de prorrogação dos débitos considerando a dívida da Evergrande e em uma tentativa de curto prazo para evitar um possível colapso do sistema financeiro.
Com a definição de “rinoceronte cinza” por parte do governo da China (termo utilizado para categorizar empresas em nível alarmante), alguns analistas temem um cenário semelhante ao da crise de 2008, desencadeada por uma bolha imobiliária nos Estados Unidos.
Com dívida, incorporadora já paga investidores na China com imóveis
Segundo informações de uma unidade da empresa, a Hengda, a incorporadora chinesa já começou a pagar investidores com imóveis, segundo informações da Reuters.
A Evergrande afirmou, em postagem do WeChat, que os investidores interessados em resgatar produtos de gestão de fortunas com ativos físicos devem entrar em contato com seus consultores de investimento ou visitar escritórios locais.
A empresa tem um pagamento de juros de bônus de 83,5 milhões de dólares vencendo na próxima quinta-feira (23).
Entenda o caso da Evergrande
A incorporadora veio à público na última terça-feira (14) afirmar que há uma possibilidade de calote, já que a companhia pode não conseguir honrar suas dívidas. Atualmente, a companhia possui um compromisso que passa dos US$ 300 bilhões.
A companhia alega estar sob “tremenda pressão” e estende o risco de calote para os próximos meses, o que derruba as ações da Evergrande, fundada em Guangzhou, na China, mas listada na bolsa de Hong Kong.
O comunicado da companhia foi enviado à bolsa, quando a incorporadora também reportou que suas vendas mensais caíram quase 50% entre os entre os meses de junho e agosto, passando de passando de ¥ 71,6 bilhões (US$ 11 bilhões) para ¥ 38,1 bilhões (US$ 5,9 bilhões).
No documento, a Evergrande culpou “reportagens negativas” da imprensa pelo desempenho ruim no período – em que concorrentes do ramo imobiliário tiveram o resultado oposto, de alta nas vendas.
Além disso, cita que contratou uma equipe para “avaliar a estrutura de capital do grupo e explorar todas as soluções viáveis para aliviar o problema de liquidez atual”.
Desde o início do ano a companhia já enfrenta queda de 83,8% nas suas ações. Além disso, a Evergrande derruba, atualmente, a bolsa de Hong Kong, que opera aos 24 mil pontos, representando queda de 12,2% desde o início do ano.
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